Alunos de universidade protestam contra evento com Nikolas: “Rosto do fascismo”

Atualizado em 14 de agosto de 2025 às 14:36
O deputado federal bolsonarista Nikolas Ferreira (PL-MG). Foto: Foto: Brenno Carvalho/Agência O Globo

Um evento previsto para 23 de agosto na Universidade do Vale do Itajaí (Univali), em Santa Catarina, tem causado controvérsia. A conferência, chamada APAS Conference (Ação Política Atlântico Sul), contará com a presença de parlamentares como Nikolas Ferreira (PL-MG) e Ana Campagnolo (PL-SC), gerando protestos entre estudantes e centros acadêmicos da instituição.

Em nota de repúdio, os alunos classificaram Nikolas Ferreira como “um dos principais rostos do fascismo no Brasil” e acusaram-no de liderar a campanha pela anistia do ex-presidente Jair Bolsonaro. Campagnolo, por sua vez, foi descrita como “notória por ser discurso antifeminista”.

O comunicado também critica a produtora de extrema-direita Brasil Paralelo, responsável pela produção do evento. Segundo os estudantes, ela é “alinhada ao pensamento olavista, conhecida por disseminar revisionismo histórico, exaltar a ditadura empresarial-militar e negar evidências científicas”, citando como exemplos a crise climática e a pandemia de Covid-19.

Veja a nota na íntegra:

Os centros acadêmicos argumentam que a realização do evento fere o artigo 4º do Estatuto e do Regimento Geral da Univali, que “consagra princípios fundamentais como a dignidade da pessoa humana e proíbe qualquer tipo de discriminação”.

A nota ainda aponta que a universidade não deve servir de palco para discursos considerados fascistas e os estudantes pedem um posicionamento público da reitoria e do Diretório Central de Estudantes (DCE Univali), solicitando ainda a rescisão do contrato de locação do Teatro Adelaide Konder, onde o evento está programado para ocorrer.

O advogado Enrico Bianco, um dos fundadores da APAS, afirmou que a nota não representa os estudantes da Univali, mas uma “pequena comunidade de radicais fascistas e comunistas”. Ele nega que o evento seja promovido pelo Brasil Paralelo e alega que a produtora fez apenas uma “parceria”.

“A sociedade catarinense que tem interesse nesses temas, como falei, história, economia, jornalismo, política, não pode ficar refém de um pequeno grupo de radicais fascistas, comunistas, socialistas, antidemocráticos, antirrepublicanos, que demonstram cabalmente não terem capacidade de participar do debate público ao tentar atrapalhar a participação plural numa universidade”, afirmou em nota ao NDMais.

Caique Lima
Caique Lima, 27. Jornalista do DCM desde 2019 e amante de futebol.