
O coach bolsonarista Pablo Marçal utilizou um jatinho particular minúsculo para transportar doações às vítimas da tragédia que afeta o Rio Grande do Sul após as intensas chuvas no estado. O modelo da aeronave é um Cessna Citation Mustang, com capacidade para apenas quatro passageiros.
O Mustang tem uma queima de combustível média por hora de 95 galões por hora (GPH). Atualmente, o preço do combustível de aviação Jet A nos Estados Unidos varia bastante. A média nacional, de acordo com a AirNav, é de cerca de $5,98 por galão. Se considerarmos o custo mais comum encontrado, cerca de $5,98 por galão, o custo para operar um avião Mustang seria de 568,10 dólares por hora. Levando em consideração um voo de 3h30min até o RS, o valor gasto apenas com combustível seria de aproximadamente $2.016,76, ou R$ 10.207,10, que poderiam ser utilizados em mais doações.
O empresário é um dos bolsonaristas que têm causado polêmica nas redes sociais nos últimos dias diante da situação delicada no RS. Ele, juntamente com outros simpatizantes do ex-presidente Jair Bolsonaro, têm compartilhado fake news sobre a atuação das autoridades nos desastres ambientais ocorridos no estado gaúcho.
Por causa disso, Marçal foi incluído pelo Governo em uma lista de disseminadores de informações falsas e será investigado pela Polícia Federal (PF) por suas críticas à atuação pública e das Forças Armadas no Rio Grande do Sul.
O apoiador do ex-capitão também havia afirmado que seu avião foi impedido de pousar na Base Aérea de Canoas, a BACO, por “politicagem”, o que foi negado pelos aviadores que operam na base.
Pablo Marçal não foi autorizado pousar seu avião com doações na base aérea. Impressionante como o governo não se esforça pra ajudar! pic.twitter.com/ABvrBEFUNG
— Ricardo Oliveira (@ricardors_ofc) May 7, 2024
Segundo eles, não houve proibição por motivos políticos, mas uma recusa devido à falta de leitura por parte de Marçal, que deveria ter consultado as informações antes de apresentar o plano de voo e acusar a Força Aérea Brasileira de interferência política, conforme informações da Aeroin.
Conforme informado na página do DECEA (Departamento de Controle do Espaço Aéreo), há um aviso aos Aeronavegantes, conhecido como NOTAM, de número E2693/24, que é de leitura obrigatória para todos os que planejam ir a um determinado destino
“Aeronaves com destino à BACO deverão efetuar coordenação prévia com o oficial de permanência operacional pelo telefone (51) 99982-7682 com no mínimo 3 horas de antecedência, repassando as seguintes informações: Tipo de Aeronave, Hora de Pouso, Tempo Estimado de Permanência e Eventuais Apoios Logísticos”, estabelece o aviso.
Por ser uma base militar, o pouso de aviões civis é uma exceção e não um direito. Com mais de 30 helicópteros de forças públicas operando a partir da BACO e diante de toda a catástrofe, foi necessário montar uma operação de coordenação de pouso, priorizando os aviões militares e respeitando o limite de espaço físico da base.

Polêmicas com aeronaves
No ano passado, o empresário foi alvo de uma operação da PF que investigava a ocorrência de crimes eleitorais, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro nas eleições de 2022, após contratar serviços como aluguel de aviões, helicópteros e salas comerciais de empresas das quais faz parte do quadro societário.
Durante essa investigação, um levantamento feito pelo Globo identificou na prestação de contas de Marçal junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pelo menos duas empresas ligadas a ele que receberam dinheiro de sua campanha como prestadoras de serviços. Conforme os registros da Justiça Eleitoral, o empresário movimentou cerca de R$ 400 mil nessas operações.
Vale destacar que a empresa que mais recebeu recursos foi a Marcal Participações LTDA, na qual ele investiu R$ 288 mil de recursos de sua campanha. Esta empresa é uma sociedade em conjunto com sua esposa, Ana Carolina Carvalho.

Ao justificar os gastos à Justiça Federal, Marçal alegou ter pago cerca de R$ 100 mil pelo aluguel de dois aviões e R$ 72 mil por dois helicópteros. Os demais valores teriam sido utilizados para alugar uma sala e carros.
Outra empresa de Marçal que aparece na relação de fornecedores do político é a Aviation, onde ele informou ter gastado aproximadamente R$ 112 mil com o aluguel de dois jatinhos.
A empresa é uma sociedade com Marcos Paulo de Oliveira, o segundo maior doador da campanha, com R$ 900 mil, ficando atrás apenas do próprio Marçal, que empenhou cerca de R$ 1,3 milhão em suas candidaturas frustradas à Presidência e ao cargo de deputado federal por São Paulo.