Amigo argentino do clã Bolsonaro faz nova live com fake news sobre urnas em dezenas de canais

Atualizado em 6 de novembro de 2022 às 15:34
Live com fake news sobre as eleições brasileiras

 

O argentino Fernando Cerimedo apresentou neste domingo (6) mais uma live com mentiras sobre o processo eleitoral brasileiro.

O amigo da família Bolsonaro fez uma apresentação similar na sexta-feira (4) que foi derrubada pelo TSE, mas alcançou mais de 300 mil visualizações simultâneas no YouTube.

Na live deste domingo (6) ele começou dizendo que “muitas pessoas estão sendo censuradas no Brasil.”

Na sequência, ele disse que as “verdades” que ele traria não seriam por Bolsonaro, para a esquerda e nem pela direita. Seria pelo “povo brasileiro”. A apresentação levou cerca de 55 minutos para ser derrubada pelo YouTube.

Os  tópicos abordados por Cerimedo, que se vale da técnica de falar sobre um assunto complexo usando termos técnicos que dão um ar de sofisticação da análise e, a partir daí, conduzir às conclusões para onde o interesse, repetem os argumentos da live da sexta-feira (4), que se sustenta no argumento de que apenas um tipo de urna dentre as várias usadas no pleito de 2022 ser passível de auditoria, no caso, as fabricadas em 2020.

Primeira tela apresentada na live deste domingo (6) por Cerimedo. Reprodução YT
Segunda tela apresentada na live deste domingo (6) por Cerimedo. Reprodução YT
Terceira tela apresentada na live deste domingo (6) por Cerimedo. Reprodução YT

Em nota, o TSE já havia desmentido tal fato:

“Não é verdade que os modelos anteriores das urnas eletrônicas não passaram por procedimentos de auditoria e fiscalização. Os equipamentos antigos já estão em uso desde 2010 (para as urnas modelo 2009 e 2010) e todos foram utilizadas nas Eleições 2018. Nesse período, esses modelos de urna já foram submetidos a diversas análises e auditorias, tais como a Auditoria Especial do PSDB em 2015 e cinco edições do Teste Público de Segurança (2012, 2016, 2017, 2019 e 2021)”

A exposição focou sua atenção nas urnas do Nordeste. Um dos slides afirmou que Bolsonaro perdeu mais de um terço dos votos nas urnas não-2020 (portanto supostamente não-auditáveis) em cidades de até 50 mil eleitores no interior de Alagoas. Note-se que ela parte do princípio que deve haver uma homogeneidade entre cidades apenas por estarem no mesmo estado e possuírem quantidades semelhantes de eleitores.

A título de exemplo, Marilia e Araraquara são cidades do interior paulista com populações semelhantes: na primeira, Bolsonaro venceu com folga. Na segunda, deu Lula: ou seja, os critérios usados para a conclusão são muito frágeis.

4º slide apresentado. Reprodução YouTube

 

O que é desconsiderado o tempo todo no suposto escrutínio apresentado é o fato de que as urnas e seus diferentes modelos serem apenas o equipamento físico: o que é efetivamente relevante é o software e, este, é igual para todas.

Pouco após a interrupção da transmissão, Flávio Bolsonaro quebrou um silêncio que vinha desde 2 de novembro para manifestar-se em seu Twitter, em uma clara tentativa de elevar o moral da tropa bolsonarista nas redes: “Não trago sozinho o sobrenome Bolsonaro”, disse Flavio. “Somos TODOS Bolsonaro!”

Os apoiadores do presidente vêm de uma semana muito negativa: além da derrota eleitoral de 30 de outubro, viu muito de seus correligionários virarem chacota após as manifestações golpistas que bloquearam rodovias país afora: cenas como a “ode ao pneu” ou o já clássico “patriota do caminhão” entraram de vez para o anedotário nacional, além de fatos graves, como o uso de menores como escudos nas manifestações e da saudação nazista coletiva em ato no interior de Santa Catarina.

Desconsiderando o fato do TSE já ter desmontado o argumento basilar da tese golpista, como já foi explicado, o senador fluminense ressurgiu cobrando das autoridades competentes “esclarecimentos”: “A reação das autoridades competentes ante tudo o que está sendo exposto é apenas a censura, ao invés de esclarecimentos.”

Por fim, “Zero Um” repetiu mais uma vez a frase de Eduardo Campos, morto em um acidente aéreo em 2014: “Não vamos desistir do nosso Brasil”.
Participe de nosso grupo no WhatsApp, clicando neste link
Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link