
Relator do projeto de lei da dosimetria no Senado, Esperidião Amin (PP-SC) passou a flertar com a anistia completa aos condenados pela trama golpista justamente no momento em que enfrenta um cenário eleitoral incerto em Santa Catarina. Com informações da Folha de S.Paulo.
Indicado para conduzir a principal pauta dos bolsonaristas no Congresso, o senador, amigo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) há 34 anos, tenta se reposicionar politicamente enquanto avalia os riscos à sua reeleição em 2026.
Ele assumiu a relatoria do PL que reduz as penas de Bolsonaro e de outros condenados pelos ataques de 8 de janeiro em um momento de rota de colisão na direita catarinense.
A entrada de Carlos Bolsonaro (PL) na disputa ao Senado pelo estado embaralhou os acordos previamente desenhados, que previam duas candidaturas: a do próprio Amin e a da deputada federal Carol de Toni (PL). A mudança afeta não só a corrida ao Senado, mas também a formação das chapas ao governo estadual.
Carluxo anunciou a renúncia ao mandato de vereador no Rio de Janeiro e confirmou a intenção de concorrer por Santa Catarina, onde o bolsonarismo tem forte presença eleitoral. Em 2024, Jair Renan, outro filho do ex-presidente, foi eleito vereador em Balneário Camboriú com a maior votação da Câmara.
🏛️ ELEIÇÕES | Carlos Bolsonaro renuncia à Câmara do Rio rumo a pré-campanha em Santa Catarina: ‘Vou atender a um chamado’
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— Agenda do Poder (@agendadopoder) December 11, 2025
Racha no PL e risco à reeleição
A possível retirada de Carol de Toni da disputa para acomodar Carlos Bolsonaro gerou reação dentro do PL. A deputada estadual Ana Campagnolo afirmou que a correligionária está sendo “rifada” por uma decisão “de cima para baixo”.
Carol avalia se disputa a reeleição à Câmara ou se migra para o Novo para concorrer ao Senado, cenário que pode ameaçar diretamente a reeleição de Amin, já que Carlos é visto como o nome mais forte da direita nas urnas catarinenses.
Apesar das tensões, setores do PL defendem a permanência de Amin na chapa por considerarem o PP estratégico para a reeleição do governador Jorginho Mello. Uma chapa exclusiva com nomes do PL poderia empurrar a futura federação União Progressista para uma aliança com João Rodrigues (PSD), prefeito de Chapecó e principal adversário do governador.
Anistia como aceno ao eleitorado bolsonarista
Amin tem evitado declarações sobre a disputa local, mas passou a adotar um discurso mais alinhado ao bolsonarismo. Após ser indicado relator do PL da dosimetria, afirmou ser favorável à anistia completa e disse que perdoar ou não os condenados é “uma decisão política”.
Ele não descartou que o projeto sob sua relatoria possa se transformar em um perdão amplo, o que poderia impulsionar suas pretensões eleitorais.
O senador afirmou que ainda estuda o texto e que pretende apresentar o relatório na Comissão de Constituição e Justiça até a próxima quarta-feira (17), trabalhando para que a proposta seja votada ainda neste ano.
A proposta chegou ao Senado após aprovação na Câmara por 291 votos a 148. O texto altera a forma de somar penas por crimes contra a democracia e muda regras de progressão de regime.
Se aprovado sem mudanças, Jair Bolsonaro, condenado a 27 anos e 3 meses por tentativa de golpe de Estado, poderia cumprir entre 2 e 4 anos em regime fechado, contra a estimativa atual de 6 a 8 anos.