Amigo de Derrite é investigado por ligação com o PCC

Atualizado em 11 de novembro de 2025 às 13:40
O secretário de Segurança Pública do Estado, Guilherme Derrite. Foto: Divulgação

O Ministério Público de São Paulo, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), apura desde janeiro de 2025 um esquema que teria cooptado policiais militares para atuar em favor do Primeiro Comando da Capital (PCC).

Entre os investigados está o cabo José Roberto Barbosa de Souza, conhecido como Barbosinha, que trabalhou com o atual secretário de Segurança Pública do Estado, Guilherme Derrite, nas Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota).

Segundo informações do jornal Estadão, Barbosa era próximo de Derrite e chegou a participar de um episódio do podcast “Papo de Rota”, apresentado pelo hoje secretário. No programa, Derrite o chamou de “grande amigo e grande policial”. Após a divulgação da investigação, o vídeo teve o acesso restringido no YouTube.

A denúncia inicial, recebida pelo Gaeco em abril de 2024, apontava que integrantes da Rota estariam sendo aliciados pelo PCC para prestar segurança a líderes da facção, repassar informações internas e até eliminar rivais.

O caso ganhou corpo quando os promotores cruzaram dados da investigação com a operação sobre a empresa de ônibus Transwolff, suspeita de ser usada para lavar dinheiro do crime organizado. O nome de Barbosa surgiu nas mensagens trocadas entre policiais e diretores da Transwolff.

O ‘Cabo Barbosa’ participa de podcast Papo de Rota com o então deputado Guilherme Derrite. Foto: Reprodução

Conforme a Corregedoria da PM, o cabo teria participado do esquema de segurança clandestina da empresa e usado veículos ligados à companhia para montar seu comitê de campanha em 2022, quando concorreu a deputado federal sob o nome “Cabo Barbosa”.

Ele obteve 2.350 votos e ficou em 458º lugar. O inquérito militar, de número 059/319/24, foi aberto por ordem do coronel Fábio Sérgio do Amaral. Barbosa é suspeito de ter compartilhado informações sobre operações da Rota contra o crime organizado.

No início de novembro, a Corregedoria solicitou a quebra de sigilo telemático de 16 policiais, entre eles Barbosa e o sargento Alexandre Aleixo Romano, também investigado. Meses depois, Derrite, que também é deputado federal pelo PP-SP, apresentou um novo parecer sobre o projeto de lei Antifacção.

O texto, protocolado em 10 de novembro, propõe que a Polícia Federal atue de forma cooperativa com as polícias estaduais no combate ao crime organizado, substituindo a exigência de autorização dos governadores.

A primeira versão do projeto havia sido duramente criticada por limitar as atribuições da PF. O governo Lula, a própria Polícia Federal e a Receita manifestaram preocupação, alegando que as mudanças poderiam enfraquecer o combate à criminalidade.

Derrite, no entanto, reafirmou que sua intenção é “restringir o espaço de atuação do crime organizado e restabelecer o poder do Estado sobre o território nacional”.

Guilherme Arandas
Guilherme Arandas, 27 anos, atua como redator no DCM desde 2023. É bacharel em Jornalismo e está cursando pós-graduação em Jornalismo Contemporâneo e Digital. Grande entusiasta de cultura pop, tem uma gata chamada Lilly e frequentemente está estressado pelo Corinthians.