
O assessor especial da Presidência da República para assuntos internacionais, Celso Amorim, afirmou nesta sexta-feira (10) que o Prêmio Nobel da Paz concedido à líder opositora venezuelana María Corina Machado pode gerar tensões políticas na região. Ele disse esperar que o reconhecimento “não leve a atitudes mais radicais, nem facilite uma intervenção estrangeira”.
A declaração de Amorim foi feita após questionamentos sobre os efeitos do prêmio na situação política da Venezuela, onde o governo de Nicolás Maduro e a oposição seguem em impasse. “Só o tempo dirá. Espero que o prêmio não contribua para ações militares ou retaliações externas”, afirmou o ex-ministro das Relações Exteriores e da Defesa.
Há cerca de um mês, os Estados Unidos enviaram oito navios de guerra e um submarino nuclear para o mar do Caribe, próximo à costa venezuelana. O presidente Donald Trump alegou que a movimentação tem como objetivo combater o narcotráfico, mas diplomatas sul-americanos avaliam que se trata de uma forma de pressão sobre o governo de Maduro.
María Corina Machado recebeu o Nobel da Paz por sua atuação em defesa da democracia e dos direitos humanos na Venezuela. Ela foi impedida de concorrer às eleições presidenciais e vive na clandestinidade desde então. O Comitê Norueguês do Nobel destacou seu papel na resistência pacífica contra o regime chavista.

Amorim classificou o prêmio como “mais político do que moral” e observou que, embora a escolha tenha forte apoio europeu, seus efeitos precisam ser analisados com cautela. “Para quem está na Europa, a Venezuela pode ser uma questão distante. Para nós, é vital”, afirmou o diplomata, reforçando que suas declarações refletem uma avaliação pessoal.
Trump chegou a fazer campanha aberta pelo Nobel da Paz por seu papel no acordo entre Israel e Hamas, mas a escolha recaiu sobre a opositora venezuelana. Segundo fontes da diplomacia brasileira, a avaliação do governo Lula é que o prêmio tem valor simbólico, mas não deve interferir na postura de não intervenção defendida pelo Brasil.