
O assessor especial para assuntos internacionais da Presidência, Celso Amorim, disse neste domingo (25) que é de interesse geral que a coesão da Rússia seja preservada e admitiu que a situação é ainda difícil de compreender.
Em entrevista ao UOL, o ex-chanceler afirmou que, mesmo com o poder restabelecido, o incidente fragilizou o governo de Vladimir Putin.
A milícia do Grupo Wagner ameaçou Putin, entre sexta-feira e sábado, e assumiu o controle de uma das cidades do país. O grupo paramilitar sinalizou ainda que ia de encontro à capital russa, mas, em um acordo, o motim foi desfeito.
Segundo Amorim, “o cenário parecia caminhar em um certo momento para uma guerra civil”. Para o assessor, “uma Rússia implodida é um perigo imenso, e é de interesse de todos que a coesão da Rússia seja mantida”.
A avaliação do braço direito do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em questões de política externa é compartilhada por observadores internacionais. Estes, apontam a existência de 300 milícias no país e um potencial de disputa de poder entre regiões explosivas.
Enquanto a crise dominava a agenda internacional, no fim de semana, Amorim representava o Brasil em uma reunião entre países do G7. A reunião do G7 ocorreu na Dinamarca, e durante o encontro, o governo de Kiev tentou a aprovação de uma declaração na qual os participantes sinalizavam apoio a trechos do plano de paz dos ucranianos, mas a ideia não prosperou.
Para Amorim, a aprovação do documento não seria viável. A ideia de paz precisa nascer de conversas entre russos e ucranianos. O brasileiro destacou que o encontro concluiu a decisão de manter-se o diálogo, o que é considerado um avanço diante a crise internacional.
O processo não será ainda transformado em uma reunião de cúpula, mas não há o descarte que, no futuro, isso possa ocorrer. Durante o encontro, a ausência do conselheiro nacional de Segurança dos EUA, Jake Sullivan prejudicou a ambição da reunião. O americano optou por permanecer em Washington.