André Esteves volta a comandar o BTG, na véspera da posse do ex-chefe Paulo Guedes

Atualizado em 29 de dezembro de 2018 às 12:29
Guedes e Esteves: criador e criatura de volta ao proscênio

Na véspera da posse de Bolsonaro, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM recebeu um comunicado impactante:  André Esteves retornará ao grupo controlador do Banco BTG Pactual SA.

A decisão foi tomada após a absolvição de acusações de corrupção.

Esteves foi preso em novembro de 2015, depois que promotores o acusaram de tentar comprar o silêncio de uma testemunha envolvida em um esquema de suborno.

Era o auge da Lava Jato, e a denúncia de um filho de Nestor Cerveró, mesmo sem provas, foi suficiente para encarcerar o banqueiro e o senador Delcídio do Amaral.

Mais tarde, Lula foi colocado no mesmo pacote da denúncia, a partir da delação, hoje sabidamente inconsistente, de Delcídio.

Na época, nariz empinado, Cármem Lúcia votou pela prisão do banqueiro e de Delcídio e proferiu a frase que hoje se revela totalmente descabida:

“Há juízes no Brasil”.

Esteves foi absolvido e, nesse processo, ficaria ridículo se Lula fosse condenado.

Todos foram considerados inocentes, numa ação que correu em Brasília.

Segundo lembra um texto da Reuters, antes do julgamento, Esteves foi forçado a deixar seu cargo de CEO e trocar suas ações com direito a voto por ações preferenciais após sua prisão.

O BTG também disse que o sócio Marcelo Kalim, um dos maiores sócios do banco depois de Esteves, está deixando o grupo de controle e sua posição como presidente. Kalim e antigos parceiros do BTG fundaram a startup digital C6Bank.

O ex-ministro da Justiça brasileiro Nelson Jobim assumirá a posição de Kalim.

Jobim, é preciso que se diga, já é vice-presidente do grupo, com uma remuneração mensal na casa dos 2 milhões de reais, conforme nota publicada pelo banco logo depois da prisão de Esteves, quando ele foi admitido.

Na origem dos negócios que resultaram no BTG, está Paulo Guedes, que assumirá o super ministério da Economia. Esteves começou sua carreira como estagiário daquele que é chamado de Posto Ipiranga de Bolsonaro.

Diz-se no mercado que Esteves e Guedes estavam com relações estremecidas.

Mas, naturalmente, se havia algum problema entre eles, não há mais.

O BTG Pactual não correria o risco de colocar no comando da empresa alguém que não tivesse uma “boa entrada” na corte do futuro ministro.

O Brasil de Bolsonaro começa a escalar seu time, e, para os negócios, não é má idéia colocar um ex-estagiário de Guedes para comandar um banco que é muito agressivo no mercado financeiro.

Como se sabe, networking é tudo.