
Previsto após o apagão de novembro de 2023, a Enel não cumpriu o plano de contingência estabelecido para eventos climáticos extremos, deixando 760 mil imóveis sem luz na Grande São Paulo por mais de 48 horas. O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Sandoval Feitosa, declarou que a concessionária colocou menos funcionários nas ruas do que o necessário, o que agravou a demora na recuperação do serviço.
“A percepção que temos é que a Enel não atendeu às expectativas em comparação com o ano passado”, afirmou Feitosa em coletiva de imprensa.
No total, 1,7 mil funcionários, entre diretos e indiretos, estão trabalhando para restabelecer a energia na capital e região. No entanto, o plano de contingência aprovado no ano anterior previa a mobilização de 2,5 mil pessoas em casos de eventos da magnitude da tempestade que atingiu São Paulo na sexta-feira (11), com ventos de mais de 107,6 km/h.
A falta de agilidade no restabelecimento do serviço tem causado preocupação nas autoridades. Thiago Nunes, diretor-presidente da Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp), expressou sua insatisfação com a lentidão da Enel. “No evento de 3 de novembro [do ano passado], a empresa levou 24 horas para recuperar 60% dos consumidores interrompidos. Desta vez, foram necessárias 48 horas para atingir o mesmo patamar”, disse em entrevista ao G1.

Até o início da noite deste domingo (13), 760 mil imóveis permaneciam sem energia, e os bairros mais afetados na capital paulista incluíam Jabaquara, Campo Limpo, Pedreira e Jardim São Luís. Nos arredores da cidade, Cotia (62 mil clientes), São Bernardo do Campo (47 mil) e Taboão da Serra (44 mil) são os municípios mais impactados. Apesar disso, a Enel informou que 1,3 milhão de consumidores já tiveram o fornecimento normalizado.
Em meio às críticas, o presidente da Enel Distribuição São Paulo, Guilherme Lencastre, declarou que a empresa está trabalhando “de forma incansável” para reconectar todos os clientes, mas não deu prazo para a retomada completa. “Não quero criar expectativas que possam ser frustradas. Sabemos do transtorno causado por eventos como esse e estamos cientes da nossa responsabilidade”, afirmou.
Para tentar minimizar os impactos da falta de energia, a Enel distribuiu 500 geradores para hospitais e estabelecimentos essenciais na região afetada.
Além disso, dois helicópteros estão sobrevoando as linhas de transmissão para identificar possíveis falhas. Lencastre apontou que os ventos históricos na região foram responsáveis pelos danos, e mencionou que o temporal aconteceu por volta das 19h30 da sexta-feira.
A Enel também enfrenta críticas de consumidores que relatam dificuldades para entrar em contato com a empresa e solicitar o restabelecimento do serviço. Desde o início da tempestade, a central de atendimento da concessionária recebeu mais de 1 milhão de chamados.
Para tentar otimizar o atendimento, a Enel ampliou sua capacidade de resposta e reforçou os canais alternativos, como SMS, aplicativo, site e WhatsApp.
A demora no restabelecimento de energia já gerou reações de outras entidades. A Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares anunciou que pretende processar a Enel pelos prejuízos causados pela falta de luz. Além disso, o Procon-SP notificou a concessionária para que explique a razão da demora em várias regiões da capital e Grande São Paulo.
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