Anonymous

Atualizado em 26 de maio de 2013 às 17:07
Manifestação do grupo Anonymous: máscaras de Guy Fawkes

“Para nós, o Wikileaks se tornou mais que uma fonte de vazamentos. Virou palco de uma guerra: o povo versus o governo.”

Quem diz isso é um ativista que se autodenomina Coldblood, Sangue Frio. Ele pertence a um grupo chamado Anonymous. Misterioso, o Anonymous não chega a ser propriamente uma organização tal como a definimos convencionalmente. São hackers que se unem em determinados momentos por uma certa causa e depois podem se dispersar. Um deles fez uma metáfora poética. Disse que eles são como pássaros dos quais você pode dizer que formam um bando porque estão voando na mesma direção.

Eles vestem às vezes, em manifestações, um símbolo do desafio a governos: uma máscara de Guy Hawkes, o homem que tentou explodir o Parlamento inglês. A máscara aparece no filme V, de Vendeta.

O Anonymous está contra-atacando sites de empresas que “capitularam diante das pressões do governo”, segundo Coldblood. Um deles é o do Post-Finance, o banco suíço que congelou a conta de Julian Assange, o combativo e combatido editor do Wikileaks. (Assange desde hoje pela manhã está preso na Inglaterra. Ele provavelmente será extraditado para a Suécia, onde terá que responder por acusações de crimes sexuais.) O site do banco ficou fora do ar por algum tempo, pela ação do Anonymous.

Como o Wikileaks, o Anonymous representa à perfeição a cultura hacker: informações livres, franqueadas ao público, e uma aversão anárquica a governos e grandes corporações. “Somos terminantemente a favor da liberdade de expressão na internet e contra todos os que, de alguma forma, tentam destruí-la”, diz Coldblood.

Como um bando de pássaros, o Anonymous já voou rumo às trincheiras do Wikileaks.

A guerra está declarada.

Sem homens-bombas, ataques suicidas ou outros itens do repertório fundamentalista islâmico, os hackers aglomerados em torno do Wikileaks já se revelaram um adversário duríssimo para os Estados Unidos.

Onde tudo isso vai dar?

É ainda confuso. Mas o objetivo do Wikileaks, desde cedo, era muito claro. Veja este trecho de um texto que Assange escreveu num blog que manteve no passado. “Sistemas injustos produzem opositores, e vazamentos em massa os deixam estranhamente vulneráveis a aqueles que queiram substituí-los por formas mais abertas de governo.”