Anos de treino e 37 horas no ar: Ataque ao Irã foi missão inédita para pilotos dos EUA

Atualizado em 26 de junho de 2025 às 7:39
Bombardeiro B-2 dos Estados Unidos usado no ataque à instalação nuclear iraniana em Fordow. Foto: Reprodução

A missão que levou bombardeiros B-2 dos Estados Unidos a atacar uma instalação nuclear no Irã durou cerca de 37 horas e marcou uma experiência inédita para os pilotos da Força Aérea americana. Mesmo com anos de treinamento, inclusive em simuladores que replicam exatamente a cabine da aeronave, essa foi a primeira vez que alguns deles voaram o B-2 em combate e lançaram bombas reais. Com informações do Globo.

A operação partiu da Base Aérea de Whiteman, no Missouri, e envolveu o uso de bombas GBU-57, conhecidas como fura-bunkers, projetadas para atingir estruturas fortificadas em profundidade. Cada avião transportava duas dessas munições, totalizando 27 toneladas.

Treinamento intenso e rotina exaustiva

Antes da missão real, os tripulantes já haviam passado por pelo menos 24 horas em simuladores, com sessões que imitavam voos longos, ataques a alvos subterrâneos e situações de risco.

Segundo o tenente-general reformado Steven Basham, que pilotou o B-2 por nove anos, a única diferença significativa dessa vez foi o “barulho” real das portas de armamento se abrindo, um momento crítico em que a aeronave fica mais vulnerável.

Apesar de sua sofisticação, o B-2 tem uma cabine pequena, com espaço apenas para um banheiro e uma área onde o piloto pode descansar em um colchonete. Em momentos cruciais — como decolagens, pousos, reabastecimentos e sobrevoos em território inimigo — ambos os pilotos devem permanecer nos assentos.

Os aviões contam com aquecedores para refeições, mas muitos preferem sanduíches em missões longas. Nas operações anteriores, os pilotos lançavam bombas de até 900 kg. Nesta missão, foram duas de 13.600 kg cada, tornando a experiência ainda mais intensa.

“Você aprende a beber muita água”, disse Basham, relembrando missões anteriores no Kosovo.

Missão silenciosa

Durante o ataque à base de Fordow, realizado na madrugada de domingo (horário local), os B-2 e os caças de escolta F-35 não foram alvejados, segundo o Pentágono.

Nas guerras anteriores, como no Iraque e no Kosovo, era comum que os pilotos avistassem mísseis e canhões antiaéreos no céu abaixo deles — o que não aconteceu agora.

O B-2, considerado o avião mais caro já construído (avaliado em US$ 2,2 bilhões por unidade), desempenha papéis estratégicos e discretos, geralmente ligados à dissuasão nuclear. A missão contra o Irã marcou a primeira vez em que o modelo lançou bombas GBU-57 em combate.

Complexo da Usina Nuclear de Fordow, no Irã, em 20 de junho (à esquerda), antes do ataque dos EUA, e em 22 de junho, após ataque. Análise das duas imagens em comparação com registros anteriores, de 2009, revelam que americanos atingiram dutos de ventilação
Complexo da Usina Nuclear de Fordow, no Irã, em 20 de junho (à esquerda), antes do ataque dos EUA, e em 22 de junho, após ataque. Foto: MAXAR TECHNOLOGIES/via REUTERS