Antes de Bolsonaro dizer que o nazismo é de esquerda, Netanyahu falou que Hitler “não queria exterminar os judeus″

Atualizado em 2 de abril de 2019 às 15:46
Bolsonaro e Netanyahu no Muro das Lamentações em Jerusalém

Jair Bolsonaro não decepcionou e cometeu em Israel mais uma presepada internacional.

Indagado por um jornalista se concordava com a declaração do chanceler Ernesto Araújo de que o nazismo e fascismo eram de esquerda, o presidente da República mandou bala.

“Não há dúvida, né? Partido Socialista, como é que é?”, respondeu Bolsonaro, esperto.

“Partido Nacional Socialista da Alemanha”, completou (o nome era Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães, na verdade, mas tá valendo).

No site do Museu do Holocausto, em Jerusalém, que ele havia visitado pouco antes, está registrado que os nazistas se originaram de “grupos radicais de direita”.

O que interessa a Jair e seus sequazes é atirar no colo dos inimigos da causa um ditador irmanado com eles em ideias e métodos.

Hitler é usado para qualquer coisa por todo extremista de direita. Inclusive a favor.

Em 2015, Benjamin Netanyahu conseguiu defender Hitler para atacar os árabes.

Às vésperas de uma visita oficial à Alemanha, proferiu um discurso no Congresso Mundial Sionista mencionando uma conversa entre o führer e o Grande Mufti de Jerusalém, Haj Amin Al-Husseini, em 1941.

Mufti é o acadêmico islâmico a quem é reconhecida a capacidade de interpretar a lei corânica.

“Este e outros ataques contra a comunidade judaica em 1920, 1921, 1929, foram instigados pelo Mufti de Jerusalém, Haj Amin Al-Husseini, que mais tarde foi procurado por crimes de guerra durante os julgamentos de Nurembergue porque desempenhou um papel central na organização da solução final. Viajou para Berlim”, disse Netanyahu.

“Naquela altura, Hitler não queria exterminar os judeus, queria apenas expulsá-los. Foi Haj Amin Al-Husseini que lhe disse: ‘Se os expulsar, eles vão vir todos para aqui’. ‘Então o que é que faço com eles?’, perguntou Hitler, e ele respondeu ‘Queime-os’.”

Historiadores se levantaram contra a desonestidade.

Meir Litvak, professor do Departamento de História do Médio Oriente na Universidade de Tel Aviv, lembrou que solução final era de 1939.

O líder da oposição israelita, Yitzhak Herzog, qualificou as declarações de “perigosa distorção da história”.

Soa familiar?