O ator Milton Gonçalves, que faleceu nesta segunda-feira (30), aos 88 anos, revelou um desejo que tinha para o Brasil. A declaração foi dada em entrevista ao UOL, em 2019.
“O que me falta neste momento no meu Brasil, o que me deixaria alegre é que nós tivéssemos um presidente negro, porque nós somos um percentual grande neste país. No dia que nós tivermos um presidente negro, aí eu vou dizer: nós batalhamos”, comentou.
“Os Estados Unidos teve um presidente negro [Barack Obama] e nós não temos? Para mim, isso me incomoda. Não interessa se vão ficar zangados, se vão dizer que sou racista. Quero é que nosso povo brasileiro, que é de índios, negros, orientais, estejamos todos juntos”, completou o ator.
Milton ingressou na política em 1994, quando se candidatou ao cargo de governador do Rio de Janeiro pelo MDB. Ele teve 4% dos votos no primeiro turno e decidiu seguir apenas na carreira artística.
Ele ficou conhecido não apenas pela sua carreira, mas também pelo seu ativismo no movimento negro.
O ator morreu após complicações por conta de um AVC (Acidente Vascular Cerebral). A notícia foi confirmada pela família e também pela Rede Globo, emissora onde ele trabalhava há mais de cinquenta anos.
Milton é muito conhecido por papéis importantes na TV brasileira, tendo feito mais de 40 novelas, entre elas o Pai José, no remake de Sinhá Moça (2006). Por este papel, o ator foi indicado ao Emmy Internacional na categoria melhor ator. Além disso, ele esteve em grandes trabalhos como Irmãos Coragem (1970) e A Escrava Isaura (1976).
Embora já estivesse doente há algum tempo, Milton Gonçalves chegou a trabalhar recentemente ao participar do especial de Natal Juntos a Magia Acontece. Ele também fez uma participação na última temporada inédita de Malhação, no papel de um juiz.
Quem acompanha a trajetória do ator sabe que ele está no ar atualmente, na faixa do Vale a Pena Ver de Novo, da Globo, como o deputado corrupto, Romildo Rosa, em A Favorita (2008). Ele fez parte do primeiro elenco de atores com contrato fixo da Globo.