“Antes impopular que populista”: Temer é carne podre para políticos que precisam das urnas em 2018. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 9 de abril de 2017 às 8:35
O autor do programa "minha autoestima, minha vida"
O autor do programa Minha autoestima, Minha vida

Michel Temer acha que descobriu a resposta perfeita diante de sua rejeição avassaladora em todas as pesquisas.

Comprou uma ideia fajuta e autocrática vendida por Nizan Guanaes num café no Planalto e passou a repeti-la ad nauseum, como uma espécie de tio do pavê enfatiotado: prefere ser impopular a populista.

Em entrevista à Folha, fez um solo francamente lunático e que deveria ser pregado na parede de todo picareta que fala em autoestima.

“Eu acho que não cometi nenhum erro. Eu cometi acertos. E acertos derivados de muita coragem, com toda a franqueza. Até mais do que coragem, ousadia”, falou.

“Eu pratiquei atos, especialmente com o apoio do Congresso, que foram considerados ousados. E tivemos sucesso. Eu não creio que tenha praticado nenhum erro. Não consigo vislumbrar um equívoco praticado nesse governo”.

Um sujeito que chega ao poder através de um golpe pode, por um tempo, vir com essa conversa mole. Faz o serviço sujo e tchau.

Mas nenhum homem é uma ilha, especialmente na política, e os amigos de Michel precisam das urnas para sobreviver enquanto formos um simulacro de democracia.

O desprezo da população, a Lava Jato no calcanhar e a crise econômica tornam Michel Temer e seu governo radioativos para 2018. Se nada der errado, teremos eleições, e ninguém tem a menor ilusão de que Temer traz votos.

Isso explica a dificuldade para aprovar pacotes de maldades como a reforma da Previdência, por exemplo, a debandada de Renan Calheiros, que bate sem dó no ex-amigo, e o surgimento de cada vez mais lulistas no Congresso.

O senador Cristovam Buarque fez uma análise no Estadão. “O presidente virou prisioneiro da psicologia parlamentar, de não ser um líder de massas. Ele acha que, convencendo o Parlamento basta”, diz.

“Se continuar assim, vamos dividir os parlamentares em dois grupos: os que são contra a reforma e os suicidas. Até as manifestações são resultado da incompetência do governo para explicar as coisas.”

Cristovam é golpista de primeira hora, mas é também um sujeito que vai se candidatar novamente daqui a um ano. Para chamar Michel de incompetente é porque chegou, como o resto dos brasileiros, a seu limite.