
Em entrevista à Folha, Antonio Fagundes criticou a decisão da TV Globo de encerrar contratos com artistas veteranos. Para o ator, a emissora abriu mão de um patrimônio ao dispensar profissionais com décadas de trajetória. Na conversa, ele também comentou a ascensão do ex-presidente Jair Bolsonaro, o avanço do conservadorismo e a crescente dificuldade de diálogo na sociedade brasileira, especialmente na esfera política.
“Quando atingi o auge da minha especialização, eles mudaram o processo de produção. Perderam o investimento deles. Perderam o patrimônio deles”, disse Fagundes. Segundo o ator, o ritmo das gravações atuais e a tentativa de imitar as redes sociais prejudicaram a qualidade das novelas. “A Globo jogou a criança fora junto com a água da bacia.”
Sobre o crescimento da extrema direita e do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Fagundes citou o filósofo Karl Popper para explicar o fenômeno. “Você é tão tolerante que você permite que um cara seja eleito para destruir a tolerância.”
Para ele, Bolsonaro sempre deu sinais de que preparava um golpe desde a primeira eleição. Fagundes lembrou que, na primeira vez em que Bolsonaro foi eleito presidente, em 2018, ele já levantava suspeitas sobre a lisura do pleito por não ter vencido no primeiro turno. “Ele já preparou lá atrás um golpe. E foi ele que disse. Não foi inteligência artificial, não foi ninguém. Foi ele.”

Para o artista, o país vive um período preocupante em que há pouco espaço para a escuta. “Mesmo quando a pessoa está dizendo [o que vai fazer], ele [o cidadão] não ouve mais. É só ‘é o mito, é o mito’. O que quer dizer isso? Quer dizer que ele pode falar o que quiser, que eu não estou ouvindo. Estou seguindo palavras de ordem. Isso é ruim para qualquer ideologia.”
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