“Anúncio de Bolsonaro para a Petrobras foi uma carnificina”, diz jornal francês

Atualizado em 23 de fevereiro de 2021 às 16:15
Intervenção de Bolsonaro na Petrobras provoca “eletrochoque” nos mercados, diz jornal Les Echos

Os últimos anúncios do presidente Jair Bolsonaro para substituir o comando da Petrobras por um militar repercutiram mal na imprensa francesa.

“Petrobras: Bolsonaro faz a Bolsa brasileira despencar”, destaca o Les Echos, principal jornal econômico francês. “Esperavam-se turbulências. Foi uma carnificina”, descreve Thierry Ogier, correspondente do jornal no Brasil.

“Na metade do dia, os títulos da Petrobras se desvalorizaram em quase 20%, provocando uma queda na Bolsa de Valores de mais de 5%”.

“A causa: o anúncio chocante na última sexta-feira, o presidente Jair Bolsonaro, irritado com os aumentos sucessivos no preço do combustível, interveio diretamente nos negócios da Petrobras”, relata.

“Mas Jair Bolsonaro foi ainda mais longe, decidindo substituir o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco (um liberal, próximo do ministro da Economia, Paulo Guedes) por um militar, o general Joaquim Silva e Luna. Ele estima que a Petrobras deve levar em conta as questões ‘sociais’”.

“A intervenção direta do presidente brasileiro causou um verdadeiro eletrochoque. Ainda mais porque Jair Bolsonaro aumentou a desconfiança dos mercados anunciando que iria intervir também no setor elétrico. A Eletrobras caiu quase 7%”.

A decisão também repercutiu no principal jornal regional da França. O Ouest-France observa a “mudança” de atitude de Bolsonaro.

“O presidente de extrema direita parecia não se importar com o tombo das ações da maior companhia pública do país, preferindo estigmatizar o mercado financeiro que, no entanto, contribuiu para elegê-lo no final de 2018”.
Se as mudanças anunciadas por Bolsonaro provocam temor, a equipe atual tampouco tranquiliza.

“Castello Branco é um ‘Chicago Boy’, como o ministro Guedes, que parece perder cada vez mais o controle econômico do país”, afirma.

Um noticiário ruim para o Brasil na economia que se junta ao noticiário ruim na saúde. Nesta terça-feira, o jornal Le Figaro noticia a autorização definitiva da vacina Pfizer-BioNTech no Brasil, onde “a campanha de vacinação começou tardiamente e de modo caótico”.