Ao defender a prisão de Lula, Bolívar Lamounier mostra que não conhece o significado de “falácia”. Por Luis Felipe Miguel

Atualizado em 13 de abril de 2018 às 16:56
Bolívar

Publicado no Facebook de Luis Felipe Miguel

Entrevista de Bolívar Lamounier à Folha.

Na primeira resposta, Bolívar defende que a prisão de Lula foi “decorrência inevitável” das investigações. Questionado sobre a parcialidade da justiça, responde: “Mas temos políticos de outros partidos também condenados. Um ministro do STJ acaba de confirmar a condenação a 20 anos de prisão do ex-governador Eduardo Azeredo”.

O repórter apresenta, então, o fato de que a denúncia contra Azeredo se arrasta há mais de dez anos e ele ainda responde em liberdade, o que confirmaria a ideia de que os processos andam mais rápido contra o PT. Lamounier diz que isso é uma “falácia”. E explica: “Se Lula ficasse solto por alguns anos, com a capacidade de mobilização que ele tem, é evidente que criaria obstáculos para nunca ser preso.
É claro que o Azeredo não representa risco nenhum para a sociedade, para o processo. É uma figura tranquila, serena, não sobe em palanque em dia sim e outro também”.

Nesta resposta, o comentarista da GloboNews: (1) reconheceu que, sim, o processo contra Lula andou em velocidade recorde, apenas arranjou uma justificativa para a disparidade de tratamento; (2) com a justificativa, admitiu o caráter político do processo contra o ex-presidente; (3) destruiu sua argumentação anterior, deixando claro que eventuais atingidos à direita não têm uma fração do peso que Lula possui à esquerda; (4) de quebra, demonstrou que não conhece o significado da palavra “falácia”.

Duas páginas depois, uma reportagem mostra que Azeredo ainda tem várias possibilidades para recorrer, sempre em liberdade, e conta com apoio do próprio Ministério Público para a tese da revisão da pena aplicada, que pode levar até à anulação do julgamento.