Ao desistir, Serra já tinha matado o PSDB

Atualizado em 24 de outubro de 2014 às 16:13
Incompetente e desagregador
Incompetente e desagregador

 

O que muda com o anúncio da desistência de Serra de concorrer em 2014 é: nada.

A vida de Aécio, suposto beneficiário, não vai ficar melhor e nem pior. Só um milagre levará Aécio e o PSDB ao segundo turno em 2014.

É um partido vencido pelo tempo. Não tem causa, não tem visão, não tem propósito, não tem militantes, não tem votos, não tem novos líderes, não tem futuro: em suma, não tem nada.

O PSDB vai morrendo como a UDN: rejeitado pelo povo e abraçado com o que existe de mais conservador e retrógrado no país.

A chance de Serra de ganhar era zero. Mesmo assim, ele se comportou, nos últimos meses, como se fosse um candidato forte, num dos mais notáveis delírios da política brasileira desde que Jânio renunciou sob o impacto de “forças ocultas”.

Se você pode apontar um nome como o responsável pelo esfacelamento do PSDB, é o de Serra.

Sua carreira política pode ser resumida assim: matou o PSDB, a golpes de empáfia, inépcia administrativa, desonestidade nas campanhas e atitudes francamente desagregadoras.

Serra foi se deslocando, nos últimos anos, para a direita, e acabou arrastando com ele um PSDB que surgira no centro-esquerda com uma plataforma social-democrata. Basta ver qual é o jornalista mais afinado com Serra, sua alma gêmea: Reinaldo Azevedo.

O episódio que ficará para a história, acima de todos os outros, é o Atentado da Bolinha de Papel, com o qual ele tentou convencer os brasileiros de que fora vítima de terrorismo petista na última campanha presidencial.

Você vê São Paulo – a cidade e o Estado – e constata o tamanho da incompetência de Serra como prefeito e governador. É a pior incompetência, porque se manifesta disfarçada de sabedoria e se apresenta, para enganar os iludidos, de paletó e gravata.

O único serviço em que Serra realmente brilhou foi na liquidação do PSDB. A tibieza colossal de FHC, que jamais conseguiu controlar Serra, também colaborou.

Houve um momento em que o partido poderia aspirar a se renovar, se Serra caísse fora.

Agora, ele pode sumir, pode ir para o Tibete e levar vida de monge, mas é tarde demais. Já matou o PSDB.