Luiza Erundina mostrou hoje por que é imprescindível como candidata à prefeitura de São Paulo.
Só ela poderia dar a enquadrada histórica que Dória levou em mais um da série de debates entre os pretendentes à prefeitura.
Num mundo menos imperfeito, a pergunta que Erundina fez a Dória seria a regra. Mas vivemos num mundo imperfeito demais, e é preciso ter grelo duro para fazer o que ela fez.
Ela colocou Dória contra a parede por conta do infame, criminoso terreno público que ele tomou para si em Campos de Jordão.
É roubo. Esta é a palavra certa, embora para ricos o eufemismo seja “incorporar”. (A Globo é acusada de haver tomado para ela um terreno milionário em São Paulo.)
A Justiça há anos manda Dória devolver o que subtraiu, e ele se nega, com subterfúgios jurídicos imundos.
Emparedado por Erundina, tergiversou. Achou que seria esperto dizer que estava tratando ali no debate de assuntos paulistanos, não de Campos.
É quando a cinismo se combina com a canalhice.
Erundina insistiu: prefeito de São Paulo tem que ter vida limpa não apenas na cidade.
Dória foi a nocaute com seu sorriso mentiroso colado ao rosto provavelmente tratado com botox. Avisou ali mesmo que devolveria o terreno imediatamente.
Não foi a única verdade dita por Erundina a Dória.
Ela foi brilhante, e verdadeira, ao questionar duramente os alegados dons empreendedores de Dória.
Conheço o “empreendedor”. Como tantos no gênero, ele vive do dinheiro público.
Seu amigo Alckmin patrocina, escandalosamnete, com o dinheiro do contribuinte paulista, revistas sem nenhuma relevância, sem nenhum propósito que não seja o de encher Dória de dinheiro.
São circulações ínfimas. Ninguém compra. Um punhado de pessoas recebe as revistas para, como sempre ocorre em tais situações, jogar ao lixo sem desembrulhar. Uma delas, aliás bem citada por Erundina, se chama Caviar.
Alckmin é pródigo com o dinheiro do contrinuinte de São Paulo. Anos atrás, ele financiou também uma revisteca que ninguém lia editada por um certo Reinaldo Azevedo. Isso antes que a Veja desse uma sinecura a Azevedo para massacrar o PT.
No campo da meritocracia, Alckmin jamais colocaria um real em publicações como as de Dória, ou na extinta revista de Azevedo.
Mas meritocracia não existe para o PSDB. Mérito é ser amigo.
Palmas, palmas para Erundina. Desmascarou a um só tempo o grileiro e o falso empreendedor Dória.
Que outra pessoa ali teria sua coragem, e autoridade moral, para fazer o que ela fez?
Nenhuma, incluídos os jornalistas burocráticos e soporíferos que comandaram as discussões.
Por isso, ela é imprescindível.