Ao fazer alerta contra Bolsonaro, FHC tenta renegar a paternidade da candidatura fascista. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 17 de novembro de 2017 às 6:58
Deu ruim

Uma pesquisa recente constatou que 70% dos brasileiros não levam FHC a sério. 

Alguma surpresa? Como confiar em alguém que muda de opinião como uma biruta de aeroporto e que faz questão de manchar sua biografia política a cada dia?

A última do ex-presidente foi numa palestra na Universidade Brown, nos EUA, na quinta, 16.

Fernando Henrique Cardoso falou que não se pode descartar a possibilidade de o Brasil repetir a experiência italiana, que depois da Operação Mãos Limpas elegeu um Silvio Berlusconi.

O mesmo ocorreria aqui como saldo da Lava Jato. Sem citar o nome de Jair Bolsonaro, fez um alerta.

“Eu não quero entrar em detalhes, mas há pessoas da direita que são pessoas perigosas”, declarou.

“Um dos candidatos propôs me matar quando eu estava na Presidência. Na época, eu não prestei atenção. Mas hoje eu tenho medo, porque agora ele tem poder, ainda não, ele tem a possibilidade do poder.

Ele se referia à célebre entrevista de Bolsonaro de 1999, em que JB diz que o voto não mudaria o Brasil.

“Você só vai mudar, infelizmente, quando nós partirmos para uma guerra civil aqui dentro. E fazendo um trabalho que o regime militar não fez. Matando 30 mil, e começando por FHC”, afirma.

“Essa pessoa está comprometida com a Constituição, com o respeito das leis, com os direitos humanos?”, questiona Fernando Henrique.

Não é necessário exame para saber que a candidatura de Bolsonaro tem o DNA do PSDB.

Após um doce constrangimento republicano, FHC embarcou na aventura golpista com um Aécio Neves estuporado, canalha, apostando todas as fichas na instabilidade.

O fascismo eclodiu nas ruas com protestos financiados pelos tucanos, que bancaram os milicianos do MBL, entre outros. O ambiente de ódio foi cultivado e estimulado por Aécio, Carlos Sampaio e demais jagunços de terno, enquanto conspiravam com Temer e Cunha.

O discurso demagógico contra a corrupção, o PT, a esquerda, o bolivarianismo, o Lula, o sítio, o pedalinho, a organização criminosa — ia dar no quê? Num Churchill? Num De Gaulle? Num Ulysses Guimarães? A antipolítica ia resultar no quê?

O que FHC fez para servir de contraponto a isso, para oferecer uma reflexão ponderada como o “elder statesman” que nunca foi? Nada.

Caímos num extremista boquirroto, burro e violento com reais chances de subir a rampa do Planalto. O script estava desenhado, FHC leu, assinou, sentou em cima e, agora que o PSDB está na draga, reclama.

É melhor Jair se acostumando.