
O ex-ministro e ex-governador Ciro Gomes se filiou ao PSDB nesta quarta-feira (22), após deixar o PDT na semana passada. A cerimônia, realizada no hotel Mareiro, em Fortaleza, contou com a presença de aliados bolsonaristas e líderes tucanos, que veem na candidatura dele uma forma de unir a oposição contra o atual governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT), nas eleições de 2026.
Ciro, em seu discurso, evitou confirmar oficialmente sua candidatura à Presidência, mas reafirmou seu compromisso com o Ceará, dizendo que “morre pelo Brasil, mas mata pelo Ceará”.
Durante o evento, ele respondeu às críticas sobre sua aproximação com figuras ligadas ao bolsonarismo, como o deputado federal André Fernandes (PL) e o ex-deputado Capitão Wagner (União Brasil), ambos presentes na cerimônia.
Ele ironizou a postura do presidente Lula ao destacar alianças do PT com figuras de partidos como o PL e o PSDB no passado. “Aqui não tem ladrão, e lá?”, provocou Ciro, destacando as alianças feitas por Lula com nomes polêmicos ao longo de sua trajetória política.
🇧🇷 "Aqui não tem ladrão", diz Ciro Gomes ao se filiar ao PSDB com apoio da oposição a uma provável candidatura ao Governo do Ceará, com a presença do deputado André Fernandes (PL), ao qual Ciro chamou de "jovem fenômeno".pic.twitter.com/kjbujEeVQY
— Eleições em Pauta (@eleicoesempauta) October 22, 2025
A presença de Fernandes e Wagner no evento é parte de uma crescente aproximação entre Ciro e figuras políticas da oposição no estado do Ceará. Fernandes, que já teve o apoio de Ciro durante a disputa pela prefeitura de Fortaleza, expressou seu desejo de ver o ex-ministro como candidato ao governo em 2026, afirmando que a união da oposição é essencial para enfrentar o PT no estado.
Ciro, por sua vez, comentou que as “desavenças” entre eles seriam resolvidas de forma “fraternal”. O evento também teve a participação de Roberto Cláudio, ex-prefeito de Fortaleza e aliado dele, que, assim como o ex-ministro, deixou o PDT recentemente e se filiou ao União Brasil.
Cláudio criticou a gestão do PT, tanto no Ceará quanto no Brasil, destacando a insatisfação popular com o “abandono” e a “corrupção” promovidos pelo partido. Ele defendeu a unidade da oposição no Ceará, apontando que a convergência de diferentes propostas políticas é crucial para vencer nas urnas em 2026.
Ciro Gomes, em seu discurso, retomou as críticas à administração petista, citando o alto índice de informalidade no mercado de trabalho, o clientelismo político e o aumento da criminalidade no país.
Ele também acusou o governo de “liberar montantes de emendas para a roubalheira generalizada”, relembrando a crise do INSS que resultou na deposição de Carlos Lupi do comando do Ministério da Previdência.
As críticas ao governo petista, especialmente em relação à administração do presidente Lula, se mostraram um ponto central do discurso de Ciro, que se posicionou como uma alternativa para o Brasil. A aproximação de Ciro com o PSDB ocorre em meio à tentativa de renovação do partido, que tem enfrentado uma crise de esvaziamento nos últimos anos.
A desfiliação de governadores como Eduardo Leite e Raquel Lyra (PE) para o PSD, e a saída de Eduardo Riedel (MS) para o PP, deixaram o PSDB em busca de novos nomes fortes para as eleições de 2026. O ex-governador Tasso Jereissati, aliado histórico dele, foi uma das principais lideranças tucanas a articular a entrada de Ciro no partido, que busca fortalecer sua base para o pleito estadual.
Ciro Gomes também fez novas alfinetadas no ministro da Educação, Camilo Santana (PT), seu rival histórico no Ceará, afirmando que as possíveis candidaturas do PT para o Senado no estado dependeriam de “assuntos do cornagem”.