Dois fatos revelam que não está superada a crise no governo gerada por Jair Bolsonaro com a declaração de que, apesar da contrariedade de Moro, estava estudando a criação do Ministério da Segurança Pública.
Fato 1: Moro pediu para ser recebido fora da agenda pelo presidente interino, Hamilton Mourão.
Fato 2: Ao sair, havia três jornalistas no Planalto, mas Moro não quis responder a nenhuma pergunta, com a desculpa de que iria almoçar e “hora do almoço é sagrada”.
Mourão falou com os jornalistas e, pelo teor de suas declarações, não disse a verdade sobre o encontro.
Segundo ele, Moro “veio trazer algumas ideias, que talvez a gente tenha que colocar no decreto” sobre criação da Força Ambiental, um grupo que o vice-presidente comandará para ações na Amazônia.
Como presidente interino, Mourão não receberia fora da agenda um ministro para dar sugestões para um decreto que ainda nem tem data para ser publicado.
A rigor, nem Moro solicitaria encontro de urgência se o motivo fosse este.
O ex-juiz pode estar preparando seu desembarque do governo.
Como Moro não quis falar, é possível que o desfecho do caso só ocorra quando Bolsonaro voltar ao Brasil, na próxima terça-feira, dia 28.
Para quem conhece os bastidores da política, das duas uma: Moro sairá, protegido pelos políticos alojados no Podemos que preparam sua candidatura a presidente em 2022, ou ficará mais forte no governo Bolsonaro.
Em qualquer das hipóteses, Bolsonaro ficará ainda menor.
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