Ao usar Olavo para bater em Mourão, Bolsonaro se isolará na ala psiquiátrica do governo até cair. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 8 de março de 2019 às 9:33
O mestre e os gafanhotos

Três dias atrás, Olavo de Carvalho mandou um recado a Bolsonaro em sua página no Facebook.

“Recomendo enfaticamente ao presidente da República: fale diretamente ao povo num programa semanal em rede nacional de televisão. E responda às perguntas do povo, não às de jornalistas”.

Obediente, Jair avisou que a partir de agora irá fazer transmissões semanais nas redes sociais, onde mora e trabalha.

A primeira foi esse desastre em que inventou uma nova fake news, desta vez sobre uma “caderneta da vacinação” com “certas figuras que não cai (sic) bem para meninos e meninas de 9 anos terem acesso”.

Na verdade, trata-se de uma “Caderneta Saúde do Adolescente” lançada em 2008, com cujas ilustrações sobre educação sexual Bolsonaro fingiu se incomodar.

A simbiose dos Bolsonaros com o Ermitão da Virgínia tem um propósito em especial: bater no general Mourão.

Não há dia em que isso não ocorra.

O cidadão desempenha esse papel com gosto.

“O traço mais forte da mentalidade militar hoje em dia é o temor servil diante da mídia”, escreveu ele nas redes.

Ainda:

  • Nas duas vezes em que o ministro Velez passou vexame, ele estava agindo sob a orientação de militares, não de alguém rotulado de “ideológico”.
  • O general Mourão tem de ser imediatamente aposentado e enviado para casa para jogar futebol-de-botão com os netinhos e reaprender as regras elementares da convivência humana.
  • Sinceramente, não acredito que um tipo como o general Mourão tenha o direito moral de dar opinião sobre o que quer que seja.

E por aí afora.

Mourão, da última vez em que foi questionado, mandou um beijo para o desafeto, mas o constrangimento é evidente.

Os olavistas são uma ameaça à democracia muito maior que a ala militar pela simples razão de que são, sobretudo, celerados.

Um telefonema de Jair poderia tentar conter a fúria indigente de seu guru contra seu vice, mas isso não lhe interessa.

Inepto, o presidente tenta isolar Mourão e acaba ele mesmo se isolando na ala psiquiátrica do governo.

Mais uma vez: isso não é “estratégia”, “cortina de fumaça” etc.

É apenas um coquetel feito de ignorância, falta de caráter, incompetência e, como já falei, pulsão suicida.

Sem qualquer esforço conspiratório, Mourão vê a Presidência cair em seu colo.