Aos milhares, uruguaios residentes no exterior chegam ao país para votar em Daniel Martínez, da frente progressista

Atualizado em 24 de novembro de 2019 às 12:51
Daniel Martínez

Publicado originalmente na Rede Brasil Atual

São Paulo – Nos últimos dias, milhares de uruguaios residentes na Argentina, mas também em outros países da América do Sul e da Europa, estão se dirigindo ao Uruguai nos últimos dias para participar das eleições presidenciais deste domingo (24). Segundo a imprensa local, trata-se de uma verdadeira “enxurrada de eleitores da Frente Ampla (FA)”, que vão participar da votação para reverter a tendência que prevê sua saída do poder após 15 anos. A votação no Uruguai é obrigatória, mas é o único país da América Latina que exige votar exclusivamente em seu território, diferentemente das demais nações vizinhas em que os não residentes podem no consulado do país em que residem.

A corrente de uruguaios chegando ao país ganhou volume entre sexta-feira e sábado (22 e 23). Aos milhares, chegaram de balsa ao porto de Montevidéu, de ônibus no terminal Tres Cruces da capital, ou ainda cruzaram as fronteiras em carros, peruas e vans. Nos terminais, foram recebidos com faixas e bandeiras brancas, azuis e vermelhas da FA e pôsteres reivindicando o voto extraterritorial de familiares e militantes. “Você não acredita a quantidade de uruguaios vindo pra cá… de barco, carro, trem e até a cavalo, os do interior”, contou a brasileira residente na região metropolitana de Montevidéu, Mara Palmer.

Durante seus 15 anos no governo, a FA procurou reformar esse aspecto da lei eleitoral, sempre rechaçada pela oposição, sob argumento de que isso favoreceria a formação esquerdista, alegando que os uruguaios no exterior são majoritariamente progressistas.

“A FA existe como uma força política extraterritorial que organiza e gerencia esses deslocamentos que estavam mudando ao longo do tempo, diferentes redes argentinas sempre presentes. No entanto, não é o único partido uruguaio organizado na Argentina, mas o único que continua trabalhando duro”, afirmou, a pesquisadora argentina Silvina Merenson, doutora em ciências sociais e mestre em antropologia social à agência Télam.

Para aumentar o número de não residentes participantes da eleição, foram fundamentais as contribuições voluntárias dos militantes da FA no Uruguai, que organizaram eventos e concertos para arrecadar dinheiro. A iniciativa, porém, contou com a contribuição de empresas, como as que fazem os serviços de balsas entre Buenos Aires e Montevidéu – desde sexta-feira elas estão dando descontos substanciais para transportar os uruguaios residentes na Argentina.

Apertada

O Uruguai vai às urnas hoje para eleger o presidente da República que substituirá Tabaré Vázquez, da Frente Ampla. A disputa será travada entre o candidato da coligação do governo atual, de centro-esquerda, Daniel Martínez, e o candidato de centro-direita Luis Lacalle Pou, do Partido Nacional, numa coligação com o conservador Partido Colorado.

No primeiro turno, realizado em 28 de outubro, Martínez obteve 39,2% dos votos, enquanto Lacalle Pou alcançou 28,6% dos votos válidos. Na ocasião, nenhum dos candidatos obteve 50% dos votos, porcentagem necessária para ser eleito no primeiro turno.

De acordo com a pesquisa realizada pela consultoria Factum, Lacalle Pou conta com 51% da intenção de voto, enquanto Martínez tem 43%. Os votos brancos ou nulos somam 6%. Outra pesquisa realizada a cinco dias da eleição pela empresa Cifra aponta que Lacalle Pou teria 47% de intenção de votos enquanto Martínez estaria com 42%.

A campanha presidencial no Uruguai foi encerrada na quinta-feira (21). No último ato da Frente Ampla, na cidade de Florida, centro do país, Martínez convocou seus apoiadores a “seguir lutando das mil formas possíveis pelo voto a voto” para chegar ao quarto mandato consecutivo da coligação progressista.

O candidato eleito no pleito do próximo domingo começará seu mandato em 1º de março de 2020.