Apagão do CNPq e incêndio da Cinemateca é destruir o futuro e o passado. Por Gilberto Maringoni

Atualizado em 31 de julho de 2021 às 16:40
Foto: Reprodução/Ariane Breyton

Originalmente publicado em FACEBOOK

Por Gilberto Maringoni

Gente, desculpe, mas vou ser chato, bem chato. Tenho visto a repercussão entre nós do episódio Borba Gato. É algo para mim absolutamente lateral diante das pautas prementes dos dias que correm.

Tanto é uma agenda secundária que pouquíssimas foram as ações reais realizadas para mudar a memória de opressores eternizada em estátuas, ruas, avenidas, praças e outros logradouros publicos em 13 anos de governo federal de centroesquerda e em variadas administrações regionais e locais com diretrizes semelhantes.

Fico espantado que o evento gere muito mais indignação do que o apagão no CNPq. Há dez dias todos os dados estão inacessíveis e não se sabe quando os teremos de volta. Todo o universo brasileiro de pesquisa, absolutamente todo, está em risco.

Detonar a memória científica, mudar padrões de aferição do desemprego no Caged, cancelar o Censo, mudar a metodologia de aferição da devastação amazônica no INPE, dilapidar a universidade, o IBGE, o Ipea e outros centros de excelência não rende imagens espetaculares e dramáticas. Mas são ataques planejados minuciosamente contra a Nação.

Por mais simbólica que seja aquela horrível estátua e seu patrono, não há comparação possível com a vandalizacao da ciência em todas as suas extensões. Até mesmo para estudos históricos sobre o papel dos bandeirantes.

P.S.1 – O incêndio da Cinemateca tem o mesmo propósito de destruir o passado e o futuro. Ali, eles erraram a mão e deixaram as vergonhas a mostra. Mas o sentido é o mesmo do apagão no CNPq: destruição, destruição e mais destruição.

P.S. 2 – Apesar de avaliar que a tentativa de se queimar o Borba Gato foi um erro político profundo, externo toda a minha solidariedade ao Paulo Galo.