
O deputado André Janones (Avante-MG) declarou durante sessão do Conselho de Ética da Câmara que foi apalpado por adversários no plenário, incluindo toques em suas partes íntimas, durante a confusão ocorrida em 9 de julho.
O episódio ocorreu enquanto Nikolas Ferreira (PL-MG) discursava e foi marcado por empurra-empurra entre parlamentares. Janones afirmou que o episódio está registrado em vídeos e que não é necessário confiar apenas em sua palavra.
A revelação de Janones provocou gargalhadas de deputados bolsonaristas que acompanhavam a sessão, como Osmar Terra, Helio Lopes, Carlos Jordy e Sóstenes Cavalcante. Até o presidente do Conselho de Ética, Fabio Schiochet, não conteve o riso e precisou pedir contenção aos colegas. O colegiado aprovou por 15 votos a 3 a suspensão do mandato de Janones por três meses, com efeitos imediatos e corte de salário e verbas parlamentares.
Janones ainda poderá recorrer da decisão no plenário da Câmara. O deputado é acusado de ter chamado Nikolas Ferreira de “cadelinha”, trecho destacado pelo relator do caso, Fausto Santos Jr., para apontar suposto teor homofóbico na fala. A confusão teve como pano de fundo o tarifaço de 50% imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao Brasil, tema central do discurso de Nikolas.
O deputado do Avante disse que, embora não possa identificar todos os responsáveis pelas agressões, reconheceu Giovani Cherini (PL-RS) e Sargento Gonçalves (PL-RN) como dois dos envolvidos. Um vídeo nas redes sociais também mostra o deputado Cabo Gilberto (PL-PB) atingindo as pernas de Janones pelas costas durante o tumulto.
A suspensão do mandato implica também na abertura de um processo de cassação, que seguirá o rito normal na Câmara. Janones justificou que estava gravando vídeos para as redes sociais e criticava a postura de parlamentares bolsonaristas, que, segundo ele, adotam um comportamento “vira-lata” diante de Trump e dos EUA.
O caso repercutiu tanto pelo conteúdo das acusações quanto pela reação de deboche dos parlamentares bolsonaristas durante a sessão. A defesa de Janones promete recorrer da decisão e argumenta que o episódio é mais uma expressão das disputas políticas acirradas dentro do Congresso.