Apesar da pressa de Gebran, nada garante que o resultado do julgamento de Lula saia no dia 24. Por Joaquim de Carvalho

Atualizado em 18 de janeiro de 2018 às 12:12
João Pedro Gebran Neto

O relator do processo em que será analisada a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva avançou o sinal mais uma vez.

Segundo a coluna Painel, da Folha de S. Paulo, João Pedro Gebran Neto calcula que, até 15 horas do dia 24 de janeiro, sairá o resultado do julgamento.

“A sessão começa às 8h30 com a leitura do relatório de Gebran. Depois, serão duas horas de sustentação oral do Ministério Público e dos sete advogados inscritos – cada um terá direito a 15 minutos. Só depois os três desembargadores votam”, diz a nota.

Como diria Garrincha, “faltou combinar com os russos”.

É que, por maior que seja a vontade de Gebran de entregar a cabeça de Lula em tempo recorde, ele não pode garantir que o julgamento terminará no dia 24.

Ele tem pressa, como se viu na análise do recurso.

Cem dias depois da publicação da sentença, Gebran já tinha seu voto pronto — amigo de Moro, antecessor dele na Vara Federal de Cascavel, já se sabe qual é sua inclinação.

O revisor do processo, Leandro Paulsen, também trabalhou rápido. Seis dias depois de receber o voto de Gebran e o processo, que tem mais de 250 mil páginas, ele concluiu seu trabalho.

Com isso, presume-se que Leandro Paulsen leu o processo num ritmo de 2 mil páginas por hora, sem dormir ou parar para comer, durante os seis dias ininterruptos.

Também dá para intuir — palavra em alta no Judiciário — como decidiu.

Resta o desembargador Victor Luiz dos Santos Laus, o terceiro a votar. Sobre este, mistério absoluto.

Por isso, ele pode pedir vista do processo, para estudá-lo melhor. Com os índices de temperatura e pressão em Porto Alegre, não é difícil acreditar que isso venha a ocorrer.

Serviria para descomprimir os ânimos e desmobilizar o movimento de apoio a Lula.

Mas isso é só um palpite.

Não é raro pedido de vista em julgamento da corte. De cada 4 processos da Lava Jato que chegaram lá, um teve pedido de vistas.

Na hipótese de pedido de vista, o processo pode voltar à pauta do colegiado na sessão seguinte.

Mas pode demorar mais. Em geral, desembargadores se dão os próprios prazos.

Nos casos da Lava-Jato no TRF4, o pedido de vista mais demorado levou cinco meses. O mais rápido, duas semanas.

O presidente do TRF-4, Carlos Eduardo Thompson Flores, tem pressa, mas não tem autoridade para ordenar que desembargadores trabalhem de acordo com a sua vontade.