
O pastor Silas Malafaia, alvo de operação da Polícia Federal na última semana, insiste em afirmar que a investigação serviu para unir os evangélicos em torno de sua figura. Entretanto, relatos de políticos e lideranças religiosas indicam que esse apoio está longe de ser unânime. Com informações do Uol.
Enquanto alguns se manifestaram publicamente em defesa do líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, outros mantêm silêncio ou mesmo críticas à sua atuação. Entre os que optaram por não se posicionar estão nomes de peso no cenário evangélico, como Edir Macedo, da Igreja Universal, e Valdemiro Santiago, da Mundial do Poder de Deus.
Ambos mantêm histórico de disputas e não se pronunciaram sobre o caso. Já em 17 de agosto, Malafaia recebeu uma carta de apoio assinada por mais de 25 lideranças, incluindo Teófilo Hayashi, da Zion Church, e Felippe Valadão, ligado à igreja Novos Começos. A nota defendia o pastor como “liderança nacionalmente reconhecida” e criticava a investigação.
Em paralelo, uma nota de repúdio contra a operação também circulou em redes sociais, desta vez com assinaturas de figuras de maior expressão no meio, como Claudio Duarte, do Projeto Recomeçar, Estevam Hernandes, da Renascer em Cristo, e Abner Ferreira, da Assembleia de Deus Madureira.
Apesar das assinaturas, não houve manifestações públicas desses líderes em seus perfis. Isso reforça a percepção de que parte dos apoios teria ocorrido por pressão, e não de forma espontânea.
Um deputado da bancada evangélica, em reserva, chegou a chamar Malafaia de “leão sem dente”, insinuando que o próprio pastor teria provocado a operação para se vitimizar politicamente. O parlamentar Otoni de Paula (MDB-RJ), também pastor, declarou que alguns líderes apenas se manifestaram por receio da postura beligerante de Malafaia.
Por outro lado, parlamentares ligados ao bolsonarismo, como Nikolas Ferreira (PL-MG), Eli Borges (PL-TO) e Gilberto Nascimento (PSD-SP), presidente da Frente Parlamentar Evangélica, saíram em defesa do pastor. Para Borges, Malafaia seria “uma voz da democracia brasileira” injustiçada pela investigação.
Já a senadora Damares Alves (Republicanos-DF), uma das figuras mais próximas do segmento, não se pronunciou até o momento. As críticas mais duras se intensificaram após a divulgação de áudios obtidos pela PF.

Em um deles, Malafaia se referiu a Eduardo Bolsonaro como “babaca”, o que foi considerado por opositores como linguagem incompatível com um líder religioso. O uso da narrativa de perseguição religiosa também foi rebatido. Otoni de Paula argumentou que não se trata de repressão à fé, mas de investigação sobre ataques à Suprema Corte.
Segundo o Observatório Evangélico, Malafaia nunca teve plena representatividade entre as Assembleias de Deus, e sua liderança é limitada ao campo pentecostal brasileiro. Para o diretor Vinicius do Valle, dificilmente o pastor conseguirá apoio fora desse grupo específico.
“Ele tenta ser um representante dos evangélicos brasileiros, gosta de ser tratado assim, mas ele não é reconhecido dessa forma por outros líderes”, afirmou.
A PF sustenta que Malafaia agiu em conjunto com Jair Bolsonaro para pressionar o Supremo. Em mensagens, o pastor sugeriu que se usasse a promessa de suspensão do tarifaço dos EUA como moeda de troca para uma anistia ampla. Por decisão de Moraes, ele teve o passaporte apreendido, está proibido de deixar o país e não pode manter contato com outros investigados.