
Aparentemente o cantor sertanejo Gusttavo Lima ainda não entendeu que falar de política nos shows não deveria ser uma prática comum no seu caso, já que, sempre que resolve fazê-lo, erra feio.
Bolsonarista ferrenho, o sertanejo declarou recentemente apoio a Pablo Marçal durante um show em Goiânia: “Quero mandar um abraço para o meu companheiro, nosso conterrâneo. O próximo prefeito de São Paulo, Pablo Marçal é o nome dele. Não tem conversa, faz o M. A prefeitura é sua, se não ganhar é rolo”, disse, recebendo aplausos de seu público idiotizado.
Após o show, Gusttavo e Marçal se encontraram nos bastidores e o cantor tirou uma foto usando o boné da campanha do amigo, para que não restasse qualquer dúvida.
Não satisfeito, referiu-se, no mesmo show, a Ronaldo Caiado como “nosso futuro presidente” – caso você não se lembre, ele é o Governador de Goiás (o mesmo que, diante de mais de 500 mortes decorrentes de violência policial no estado, afirmou que nenhum policial usará câmera corporal em seu governo, o que é no fundo um incentivo a mais violência).
Não é a toa que Caiado, talvez a promessa de um Bolsonaro que sabe comer sem sujar a roupa de farelo, a esperança dos bolsominions frustrados e de uma juventude politicamente confusa, seja apoiado por gente como Gusttavo Lima.
Não é apenas burrice: o sertanejo tem interesses a defender.
Embora justifique seu bolsonarismo declarado através do “idealismo de família ” (?), o cantor não por acaso se autodenomina “o embaixador do agronegócio”.
Dono de duas fazendas gigantescas focadas em criação de gado, ele decerto tem interesses que vão além da família e da pauta dos “costumes”, da qual lança mão sempre que decide falar de política publicamente.
Interessa ao sertanejo que mais áreas de preservação sejam transformadas em pasto, uma das razões pelas quais ele apoiará qualquer um que traga pautas semelhantes às dos bolsonaristas, seja na presidência ou na prefeitura de SP.
Para além disso, é claro, os podres de Gusttavo Lima combinam com os podres dos candidatos que decide apoiar.
Investigado por irregularidades em contratações milionárias, o rei do “tchetchereretchetchê” se diz devoto a Deus e à família (como todo bolsonarista hipócrita que se preze).
O apoio de Gusttavo Lima a gente como Marçal não é, portanto, exatamente uma surpresa: difícil mesmo de acreditar é que alguém tão intelectual e politicamente limitado possa exercer influência política sobre tanta gente – eis um dos males do Brasil desses tempos, a burrice celebrada, seguida, curtida e compartilhada.
Peço aos deuses pelo retorno de um Brasil em que gente como Gusttavo Lima se limite a fazer música ruim.
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