Após 64 mortos, ministros de Lula vão ao Rio para reunião com Castro

Atualizado em 28 de outubro de 2025 às 20:52
O governador bolsonarista do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), e o presidente Lula. Foto: Reprodução

O governo federal anunciou nesta terça-feira (28) o envio de uma comitiva de ministros ao Rio de Janeiro após a megaoperação policial contra o Comando Vermelho (CV) deixar mais de 60 mortos e paralisar a capital fluminense. A ação, considerada a mais letal da história do estado, provocou reações do Palácio do Planalto e do governo estadual, que trocaram acusações sobre a responsabilidade na crise de segurança pública.

Segundo informações do Planalto, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, o chefe da Casa Civil, Rui Costa, e o diretor-executivo da Polícia Federal, William Marcel Murad, farão parte da comitiva que se reunirá com o governador Cláudio Castro (PL). O objetivo é discutir medidas emergenciais de segurança e avaliar a situação após os confrontos nos complexos do Alemão e da Penha.

Lewandowski afirmou que o governo federal “está à disposição para cooperar”, mas reforçou que Castro não fez qualquer solicitação oficial de ajuda antes da operação. “Não recebi nenhum pedido do governador do Rio de Janeiro, enquanto ministro da Justiça e Segurança Pública, nem ontem, nem hoje, absolutamente nada”, declarou o ministro, em evento no Ceará, onde recebeu o título de Cidadão Cearense.

Mais cedo, Cláudio Castro havia afirmado que o governo federal negou três pedidos de empréstimo de veículos blindados e acusou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de ser “contra a Garantia da Lei e da Ordem (GLO)”. Documentos divulgados pela TV Globo mostram que o pedido foi feito em janeiro, após a morte de uma capitã da Marinha atingida por bala perdida no Hospital Naval Marcílio Dias, na Zona Norte do Rio.

Em nota, o Ministério da Defesa confirmou o recebimento do pedido, mas informou que a Advocacia-Geral da União (AGU) emitiu parecer técnico indicando que a cessão dos blindados só poderia ocorrer mediante decreto presidencial de GLO. A pasta explicou que, fora desse contexto legal, o uso dos equipamentos pelas forças estaduais seria irregular.

A visita dos ministros ocorre em meio à escalada de violência no Rio e ao agravamento das tensões entre o governo estadual e o federal. O Planalto reforçou que, desde 2023, mantém cooperação ativa com o estado, por meio da Força Nacional, da Polícia Federal e de investimentos em segurança pública e sistema penitenciário.