
A Congregação Israelita Paulista (CIP) comunicou aos associados a demissão do rabino Ruben Sternschein, na véspera do Natal. O aviso interno informou apenas a saída do religioso e agradeceu “o trabalho realizado e o tempo dedicado à comunidade”, sem mencionar os motivos do desligamento. Sternschein atuava há dezoito anos na instituição. Com informações da revista Piauí.
A decisão ocorre após denúncias de assédio sexual e moral. Cinco mulheres relataram episódios envolvendo o rabino durante processos de conversão ao judaísmo. Os relatos incluem encontros íntimos em dependências da CIP e situações descritas pelas denunciantes como marcadas por hierarquia religiosa e pressão psicológica.
A CIP afirmou anteriormente que recebeu uma denúncia formal e que o caso foi “apurado com isenção e rigor”. Na ocasião, declarou que “nenhuma irregularidade foi comprovada” e que o rabino permaneceria afastado “por prazo indeterminado durante as investigações”. Agora, a saída foi oficializada sem detalhamento das conclusões internas.

As denúncias também foram encaminhadas à Conferência Central dos Rabinos Americanos (CCAR), nos Estados Unidos. O documento descreve quatro casos de assédio sexual e oito de assédio moral atribuídos ao rabino. O processo de conversão de fiéis, conduzido por Sternschein, aparece como elemento central narrado pelas mulheres.
Após a repercussão, a CIP afirmou que contrataria uma “consultoria externa especializada” para revisar os fatos, mas não divulgou o resultado do trabalho nem o nome da empresa responsável. A falta de informações públicas sobre a apuração interna gera cobranças por transparência dentro da própria comunidade judaica.
Em nota anterior enviada à imprensa, ele afirmou “rejeitar as alegações de conduta inapropriada” e disse ser alvo de “campanha difamatória”. A CIP não informou quem assumirá as funções rabínicas de forma definitiva.