
A delegada Maria Cecília Castro Dias, titular do 77º Distrito Policial (DP) de Santa Cecília, foi afastada de suas funções na última sexta-feira (7), sob suspeita de participação em uma quadrilha de policiais civis que desviava cargas de drogas para revendê-las a traficantes.
O afastamento foi determinado pelo juiz Oto Sérgio Silva de Araújo Júnior, da 1ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Dinheiro do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP). Na mesma tarde, um mandado de busca e apreensão foi cumprido na residência da delegada, localizada na Vila Olímpia, bairro nobre da zona oeste de São Paulo.
Durante a operação, foram apreendidos celulares, documentos, arma, distintivo e carteira funcional de Maria Cecília. Os dispositivos eletrônicos terão os sigilos telemáticos quebrados para coleta de provas que possam comprovar seu envolvimento no esquema criminoso.
Maria Cecília assumiu a chefia do 77º DP em agosto de 2023, após atuar como titular do 2º DP (Bom Retiro). Ambos os distritos estão subordinados à 1ª Delegacia Seccional, que administra as unidades da Polícia Civil no centro de São Paulo.
Relatórios da Corregedoria da Polícia Civil e do Ministério Público de São Paulo (MPSP) indicam que a 1ª Seccional fazia parte de um esquema criminoso em que cargas milionárias de drogas, especialmente cocaína, eram trocadas por substâncias como talco e gesso.
A investigação também aponta que o chefe da 1ª Delegacia Seccional, Elvis Cristiano da Silva, teria vendido cargos de chefia nos distritos da região central para comparsas do esquema de tráfico de drogas.

O afastamento de Maria Cecília ocorreu poucos dias após a prisão do chefe de investigações do 77º DP, Cléber Rodrigues Gimenez. Ele foi detido no fim de janeiro sob suspeita de envolvimento com uma quadrilha que desviava drogas apreendidas, substituindo-as por produtos inofensivos antes de revendê-las a traficantes internacionais.
As substituições das drogas ocorriam em um galpão localizado no Bom Retiro, pertencente ao policial. A quadrilha contava ainda com a participação de um perito do Instituto de Criminalística, que emitia laudos oficiais para atestar falsamente a pureza das substâncias.
Para dificultar a detecção do esquema pelo MPSP, as apreensões eram registradas em boletins de ocorrência alternados entre o 1º DP (Sé), 2º DP (Bom Retiro), 12º DP (Pari) e 77º DP (Santa Cecília). As investigações apontam que o esquema rendeu aproximadamente R$ 50 milhões aos envolvidos em menos de dois anos.
Além de Cléber Rodrigues Gimenez, foram presos, no último dia 23 de janeiro, os investigadores Gustavo Cardoso de Souza, 38, e Thiago Gonçalves de Oliveira, 35, ambos subordinados a ele no 77º DP. Também foram detidos o empresário da construção civil Maxwell Pereira da Silva, 30, e Matheus Cauê Mendes Parro, 27.
A defesa dos envolvidos não foi localizada até o momento. O delegado Elvis Cristiano da Silva continuava em atividade normalmente até a tarde da última sexta-feira (7). Sua defesa também não foi encontrada para comentar o caso.
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