Após cinco dias preso, nenhum militar tentou visitar Bolsonaro

Atualizado em 9 de agosto de 2025 às 8:13
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) conversa com militares. Foto: Reprodução

Preso há cinco dias em regime de prisão domiciliar, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nenhum militar pediu autorização para visitar Bolsonaro, o que sinaliza um afastamento cada vez mais evidente de antigos aliados da caserna, conforme informações do Globo.

Durante o período em que ocupou a Presidência, Bolsonaro se cercou de oficiais em cargos estratégicos e nas principais decisões do governo, mas hoje seu círculo é formado majoritariamente por políticos de partidos como PL, PP e Republicanos.

A distância começou a se intensificar no fim do mandato, ganhou força com as investigações da trama golpista e se consolidou após a prisão. Entre os antigos nomes de confiança, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens, tornou-se delator e peça-chave no avanço das apurações contra o ex-presidente. Já o general da reserva Braga Netto, ex-ministro e candidato a vice na chapa de 2022, está preso no âmbito da mesma ação.

O general Luiz Eduardo Ramos, outro aliado próximo, se afastou no fim do governo e permanece distante, enquanto Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, é réu e impedido de manter contato com Bolsonaro.

Pelo menos 30 pessoas já o visitaram ou pediram autorização para entrar no condomínio no Jardim Botânico, área nobre de Brasília. Entre os que já estiveram com o ex-presidente estão o senador Ciro Nogueira (PP-PI), ex-ministro da Casa Civil, e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, aguarda liberação judicial para a visita.

Movimentação na porta da casa de Bolsonaro após a decisão de Moraes
Movimentação na porta da casa de Bolsonaro, no condomínio do Jardim Botânico, área nobre de Brasília, após a decisão de Moraes. Foto: Cristiano Mariz

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou que parentes próximos, como os filhos, entrem sem necessidade de pedido formal. Para os demais, a entrada só ocorre com o aval de Bolsonaro e despacho do ministro. Foi o caso do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que já visitou o pai. Moraes, no entanto, negou a solicitação do deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO), investigado no STF em processo sob sigilo.

A principal ponte de Bolsonaro com o mundo exterior tem sido a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Ela manteve alguns compromissos políticos ligados ao PL Mulher, mas reduziu a agenda e as viagens.

Em um grupo de WhatsApp, Michelle pediu orações “para fortalecimento” e manteve contato frequente com a senadora Damares Alves (Republicanos-DF), que também aguarda liberação para visitar o ex-presidente.

Outros nomes que solicitaram autorização incluem os deputados Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), Zucco (PL-RS) e Júlia Zanatta (PL-SC), além dos senadores Marcos Pontes (PL-SP), Rogério Marinho (PL-RN) e Tereza Cristina (PP-MS). O senador Sergio Moro (União-PR) também deve encaminhar pedido para a visita nos próximos dias.