Após críticas a Bolsonaro, líder evangélico é ameaçado e decide sair do país

Atualizado em 25 de outubro de 2022 às 12:37
O bispo evangélico Hermes Fernandes – Foto: Reprodução

O bispo evangélico Hermes Fernandes vem sofrendo ataques e ameaças em suas redes sociais há meses por se manifestar publicamente como um opositor do presidente Jair Bolsonaro (PL) e criticar colegas evangélicos conservadores. Ele decidiu deixar o país antes mesmo do fim das eleições.

De acordo com o Intercept Brasil, o bispo tomou essa decisão devido ao aumento de mensagens intimidadoras que vem recebendo por conta da polarização política. “Não vejo condições de continuar aqui até o dia da eleição. Viajarei antes e quero estar muito longe quando sair o resultado. Nem posso dizer o que vou fazer e para onde vou. Quando a poeira baixar, eu volto”, anunciou.

Em 7 de outubro, Hermes dirigia seu carro ao lado da mulher num bairro de classe média da zona norte do Rio, quando foi bruscamente fechado por um outro veículo. Fernandes ficou paralisado. O outro motorista só foi embora, em alta velocidade.

“Foi preocupante, porque eu já havia visto uma vez uma cena muito séria naquele mesmo ponto. Após o culto, já à noite, vi três homens armados renderem um pai e seus dois filhos, retirando-os do carro violentamente e deixando-os na avenida. Nesse dia, um dos homens ficou com a arma apontada para os três e um outro, com a arma apontada na minha direção. Eu também estava com minhas filhas no carro”, relatou o bispo.

O bispo já havia recebido outras ameaças, e para ele, os episódios recentes que relatou foram “avisos” para intimidá-lo. “Anteriormente, já haviam feito coisa parecida, ao rasgarem a lona do letreiro da igreja. O templo também já havia sido assaltado várias vezes. E uma pessoa já chegou, há alguns anos, a apontar uma arma para mim dentro da igreja e dizer: ‘Vou matar esse pastorzinho’. Uma fiel, felizmente, teve a coragem de se atracar ao homem e impedir o meu assassinato”.

Ele também relatou que vem se preocupando com as novas ameaças e que evita anunciar onde vai. “Tenho recebido mensagens intimidadoras, ameaças veladas. No início, nem dei muita atenção. Nem guardei as mensagens. Só nos últimos dias, passei a armazená-las. Mas, por conta disso, a gente começa a ficar preocupado. Recebo mensagens do tipo: ‘O que é teu está guardado’. Coisas desse nível”, disse Fernandes.

“Hoje, quando vou pregar fora, evito anunciar aonde vou. Fui a um lixão próximo da minha igreja, por exemplo, onde fazemos um trabalho com a população carente, mas divulguei um horário e fui antes, já para evitar problemas”.