
O vereador Adilson Amadeu (União Brasil) pediu que as grandes construtoras apoiem a reeleição de Ricardo Nunes (MDB). A solicitação seria uma contrapartida por ele ter acatado a maior parte dos pedidos feitos por essas empresas no projeto de revisão do Plano Diretor Estratégico de São Paulo.
O Plano Diretor é o instrumento que impõe as regras de desenvolvimento urbano. Sua nova versão foi aprovada na última quarta-feira (31), na primeira votação da Câmara Municipal, mas o texto terá uma segunda votação nas próximas semanas.
De acordo com informações reveladas pela Folha de S.Paulo, Amadeu enviou uma mensagem ao Secovi (Sindicato das empresas construtoras de imóveis) no dia da primeira votação, afirmando que o substitutivo que seria votado “recepcionou quase a totalidade dos pleitos desta reconhecida entidade” [Secovi].
No texto, o parlamentar ainda diz que, ao longo de cinco mandatos na Câmara, fez amigos no setor e que aprovar o Plano resultaria em “ônus político pesado” ao prefeito Ricardo Nunes.

“O que o Secovi fará para ajudar o nosso prefeito em sua reeleição?”, questionou o vereador, se dirigindo aos representantes das construtoras. “Uma política sensível desta merece uma contrapartida à altura”, completou, na sequência.
Em nota ao G1, Adilson Amadeu disse que a mensagem é verdadeira. “Em uma mensagem aberta, encaminhada inclusive no grupo de vereadores da Câmara que conta com membros da situação e da oposição, fiz todos os apontamentos daquilo que julgo como necessário para um Plano Diretor que atenda não só aos interesses do setor imobiliário, mas também da população paulistana”, pontuou.
O parlamentar não refutou a prática de “toma lá, dá cá”, quando uma pessoa pública faz favores ou cede verba em troca de apoio político. Ele também afirmou que pede habitação popular, algo que não estava na mensagem para as construtoras.
“E reitero, quais as contrapartidas o Secovi tem a oferecer para a cidade de São Paulo? Praticamente todas as demandas da entidade foram atendidas, mas eu quero garantias de que o plano de Habitação Popular seja o melhor para resolver o déficit de moradias em nossa cidade. E precisamos desse debate, com as audiências públicas, para que isso esteja garantido no texto final da segunda votação”, acrescentou.
Já a Secovi, disse que repudia favores: “O Secovi-SP repudia veementemente qualquer afirmação referente a contrapartidas pessoais ou eleitoreiras”.
Por sua vez, a prefeitura destaca que a iniciativa é exclusiva de Amadeu: “A Prefeitura de São Paulo não concorda e nem teve qualquer participação na inciativa de responsabilidade única e exclusiva do parlamentar”.
Enquanto isso, a Câmara ressaltou que o processo de revisão do Plano Diretor é “amplo e transparente” e negou o favorecimento de algum setor: “A Câmara, instituição democrática que é, debate a revisão do Plano Diretor em um processo amplo e transparente e, para isso, está ouvindo todos os lados da sociedade, não apenas um ou outro segmento. A revisão ocorre de maneira tão correta que, nesta tarde, a Justiça negou liminar solicitada pelo Ministério Público para paralisar o processo. A Câmara segue confiante de que toda a tramitação ocorrerá em sua normalidade até o final”.
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