Após eleições tensas, Turquia terá segundo turno entre Erdogan e Kilicdaroglu

Atualizado em 15 de maio de 2023 às 8:11
País ocupa posição geopolítica estratégica e vai passar pela primeira vez por um segundo turno – Google Creative Communs

Após uma reta final apertada, as eleições para o novo presidente da Turquia terá um segundo turno, pela primeira vez, entre Recep Tayyip Erdogan e o seu opositor, Kemal Kilicdaroglu, líder do Partido Republicano do Povo (CHP) e de uma coalizão de seis partidos.

Com 97,87% das urnas abertas, Erdogan ficou à frente com 49,35% dos votos e, em segundo lugar, Kilicdaroglu, com 44,98%, segundo informações da agência estatal Anadolu. Na Turquia, se nenhum candidato obter mais de 50% da preferência do eleitorado, o processo vai para uma próxima etapa entre os dois principais colocados. Caso Erdogan seja eleito, ele governará a Turquia por mais cinco anos.

Os prefeitos de Istanbul e Ankara disseram que a agência Anadolu atuou para favorecer o atual mandatário. O clima de desconfiança em relação ao processo eleitoral tomou o país, com acusações de ambos os lados que polarizam a disputa. Enquanto as urnas eram apuradas neste domingo (14), Kiliçdaroglu postou em seu twitter a frase “estamos à frente”, ao mesmo tempo que a Anadolu indicava Erdogan na dianteira da disputa.

Erdogan está no poder desde 2003 e governa um país dividido e de maioria mulçumana, com uma forte oposição organizada em torno de Kemal, que conseguiu articular uma frente ampla que vai da direita nacionalista à centro-esquerda liberal. Ele também recebeu o apoio do partido pró-curdo HDP, a terceira maior força política do país.

A Turquia está mergulhada em um cenário econômico instável, com desvalorização da moeda local (lira turca) e uma inflação acima da casa dos 80%. Em fevereiro, um forte terremoto matou mais de 50 mil pessoas no país, um desgaste a mais para a figura de Edorgan.

O atual mandatário turco se tornou premiê quando o Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP), de cunho conservador e nacionalista chegou ao poder. Depois de uma ampla mudança no sistema política que alterou o sistema de governo turco de parlamentarista para presidencialista, em 2014, Erdogan foi eleito presidente e, em 2018, foi reeleito para o cargo com 53% dos votos, ganhando no primeiro turno.

A Turquia, que fica entre a Europa e o Oriente Médio, ocupa uma posição geopolítica estratégica. O país conta com o segundo maior exército da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e é o principal parceiro comercial da Rússia. Além disso, Erdogan não aderiu às sanções contra o país de Putin.

Em uma campanha marcada por uma disputa de narrativas,  Kilicdaroglu acusou a Rússia de tentar interferir nos resultados. A Turquia conta com um colégio eleitoral de 64 milhões de pessoas de um total de 85 milhões de habitantes. Nestas eleições, a presença nas urnas foi de 88,5%.

Erdogan contribuiu com o fechamento de um acordo para que a Ucrânia realizasse sua exportação de grãos a partir de negociações com o Kremlin. As eleições no país foram acompanhadas com atenção por líderes e imprensa internacional. Além de votarem no novo presidente, os turcos também elegeram 600 novos membros para o parlamento, que ficou com maioria da coligação de Erdogan.

Originalmente publicado em Brasil de Fato

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