Após protestos, Motta defende ignorar “pautas tóxicas” e discutir “o que importa”

Atualizado em 22 de setembro de 2025 às 13:36
Manifestação contra a anistia e a PEC da Blindagem em Florianópolis (SC), neste domingo (21). Foto: Reprodução

Um dia após as manifestações em diversas capitais contra a PEC da Blindagem e o projeto de anistia, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou que é hora de afastar “pautas tóxicas” e focar em assuntos mais relevantes para o país.

Em declaração feita em evento em São Paulo, Motta reconheceu que a Câmara viveu uma semana difícil, mas defendeu que o Brasil precisa olhar para o futuro, com temas como reforma administrativa, segurança pública e a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil.

“É chegado o momento de tirarmos da frente todas essas pautas tóxicas. Talvez a Câmara dos Deputados tenha tido, na semana passada, a semana mais difícil e mais desafiadora. Mas este presidente que vos fala.. nós decidimos que vamos tirar essas pautas tóxicas porque ninguém aguenta mais essa discussão”, disse Motta.

Sobre as manifestações, ele afirmou que elas “demonstram que a população está nas ruas defendendo aquilo que acredita, e eu tenho um respeito muito grande pelas manifestações populares”.

Motta disse que respeitará a posição do Senado sobre a PEC da Blindagem, mas que a Câmara se sente no direito de defender o exercício parlamentar. Ele também comentou que, devido à repercussão negativa, a PEC provavelmente não será aprovada no momento.

“O Parlamento tem conseguido aprovar matérias importantes que acabam não tendo muita visibilidade porque a pauta que vemos o noticiário liderar é sempre a pauta do conflito, a pauta que anima esses polos e deixa aqueles assuntos bem mais importantes e fazem parte da realidade da nossa população num segundo plano”, prosseguiu.

Para o presidente da Câmara, é necessário “olhar para frente” e “inaugurar uma agenda que saia dessa dicotomia que nada serve ao país”.

Presidente da Câmara, Hugo Motta, participa de evento do mercado financeiro em São Paulo. Foto: Reprodução

Sobre o projeto de anistia, Motta afirmou que considera a proposta uma solução política dentro das regras legais do país. Embora ainda não tenha visto o texto completo, o presidente da Câmara acredita que a proposta é viável, desde que seja aplicada sem deixar de punir aqueles envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro.

“É uma saída possível dentro das nossas regras legais, reconhecendo o papel de cada um na sua responsabilidade, o Poder Judiciário, Legislativo e Executivo”, acrescentou. Motta avalia que é necessário “deixar o embate eleitoral acontecer numa outra seara e não numa seara penal, de julgamentos, numa seara que traz instabilidade institucional muito grande para o país”.

As votações da PEC da Blindagem e da urgência da anistia foram uma resposta ao acordo entre bolsonaristas e o Centrão, que, em agosto, fizeram um motim na Câmara e no Senado, em protesto contra a prisão de Jair Bolsonaro.

Motta afirmou que as votações da PEC e da urgência da anistia foram tomadas com base nesse acordo político e que o tema da anistia deve ser tratado diretamente no Plenário, sem passar pelas comissões, como forma de acelerar a votação.

Caique Lima
Caique Lima, 27. Jornalista do DCM desde 2019 e amante de futebol.