Após reportagem do DCM, deputado do PT aciona PGR contra Nikolas Ferreira

Atualizado em 28 de outubro de 2025 às 20:10
O deputado federal bolsonarista Nikolas Ferreira (PL-MG). Foto: Wallace Martins/Estadão Conteúdo

O deputado federal Rogério Correia (PT-MG) apresentou nesta terça-feira (28) uma notícia de fato à Procuradoria-Geral da República (PGR) pedindo a abertura de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) para investigar as ligações do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) com empresários condenados por cartelização e fraude fiscal no setor de combustíveis de Minas Gerais. A solicitação teve como base a reportagem exclusiva do DCM, que revelou indícios de apoio financeiro e logístico à campanha de Nikolas por integrantes da chamada “máfia dos combustíveis”.

De acordo com o documento protocolado por Correia, empresas e empresários ligados a Ciro Augusto Bergomi Picarro e Augusto Joaquim Picarro, ambos citados em decisões do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), teriam cedido imóveis e recursos à estrutura eleitoral de Nikolas. Também há menção a doações de Ronosalto Pereira Neves, empresário do grupo Mart Minas, envolvido em delações da Operação Greenfield e em investigações da JBS.

A representação pede que a PGR requisite informações ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), à Receita Federal, ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), ao CADE e à Polícia Federal para rastrear os fluxos financeiros e vínculos entre os empresários e o parlamentar. O objetivo, segundo Rogério Correia, é verificar se houve financiamento irregular de campanha e a possível infiltração de grupos econômicos ilegais na política.

O deputado federal Rogério Correia (PT-MG) falando e gesticulando, sério, sem olhar para a câmera, na Câmara
O deputado federal Rogério Correia (PT-MG) – Reprodução

A reportagem que deu origem à denúncia detalhou a existência de endereços e contratos fantasmas utilizados por Nikolas em suas campanhas de 2020 e 2022, inclusive um imóvel que funcionava como “QG Bolsonaro” em Belo Horizonte e que pertence a empresas condenadas na Operação Mão Invisível, ação que desmantelou um grande cartel de combustíveis em Minas Gerais.

Correia afirmou que a apuração é “essencial para defender a moralidade pública, a probidade eleitoral e a soberania das instituições democráticas diante da infiltração de interesses criminosos na política”. A iniciativa representa o primeiro pedido formal de investigação contra Nikolas no STF com base em indícios levantados pela imprensa independente.

A PGR deverá analisar o pedido e decidir se abrirá inquérito para investigar os fatos relatados. O DCM apurou que a Procuradoria também poderá solicitar documentos complementares da Justiça Eleitoral de Minas Gerais para examinar eventuais irregularidades nas prestações de contas de campanha do deputado.