
Durante reunião com empresários brasileiros e malasianos neste domingo (PT), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu uma nova ordem internacional baseada na cooperação entre países, em vez de disputas ideológicas ou de poder entre potências, logo após se reunir com Donald Trump, presidente dos Estados Unidos. O encontro ocorreu durante a cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean), em Kuala Lumpur, na Malásia, e marcou mais uma etapa da agenda internacional do governo voltada à ampliação das parcerias do Brasil na Ásia.
Segundo o presidente, o momento geopolítico exige diálogo e equilíbrio entre as nações. “O mundo de hoje não aceita mais uma nova guerra fria”, afirmou Lula, ao destacar que o Brasil não pretende se alinhar a blocos rivais, mas manter uma política externa voltada à paz e ao desenvolvimento.
“Não queremos ficar disputando, como se disputou a partir da Segunda Guerra Mundial, quem era do lado da Rússia ou dos Estados Unidos. A gente não quer uma nova disputa entre quem está do lado dos EUA ou do lado da China. A gente quer estar ao lado da China, dos EUA, da Malásia, da Indonésia, de todos os países do mundo que queiram fazer negócios conosco. Porque é isso que pode fazer o mundo crescer, é isso que pode fazer o mundo se desenvolver, é isso que pode trazer investimentos de países estrangeiros em outros países estrangeiros”, declarou.
O discurso reforça a tentativa do governo de fortalecer laços econômicos e diplomáticos com países asiáticos e com o Sul Global. Lula ressaltou que o Brasil vem diversificando suas parcerias e corrigindo um histórico de isolamento regional.
Após encontro com Donald Trump, presidente Lula se reuniu com empresários na Malásia e disse que “o mundo não aceita mais uma nova Guerra Fria”. #Edição08
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“Durante muito tempo o Brasil esteve isolado na América do Sul. Aliás, o Brasil também estava isolado da América do Sul, porque não tinha muito contato com a região e olhava apenas para a Europa e para os EUA. Nós então resolvemos tomar a decisão de que era preciso fazer o Brasil ter uma importância maior na geopolítica econômica e comercial. A primeira coisa que fizemos foi nos voltar para a América do Sul, para que pudéssemos construir uma relação de confiança com a região”, afirmou o presidente.
Desde o início do terceiro mandato, Lula tem apostado em uma diplomacia de reaproximação com vizinhos latino-americanos e também com países africanos e asiáticos. O presidente relembrou a mudança de postura adotada ainda em seu primeiro governo, em 2003, quando o Brasil começou a atuar de forma mais assertiva em fóruns internacionais.
“Quando assumi a presidência em 2003, resolvi que tínhamos que mudar esta concepção de política de relações internacionais do Brasil e que tínhamos que nos voltar para o mundo. Nos voltamos para a América do Sul, depois para o continente africano e depois descobrimos o leste asiático. Aos poucos estamos descobrindo que o mundo existe além da Europa e dos EUA”, concluiu.
Com a fala, Lula reforçou a intenção de posicionar o Brasil como um ator independente nas disputas globais, capaz de dialogar tanto com as potências ocidentais quanto com os emergentes da Ásia e da África.
A mensagem foi bem recebida pelos empresários presentes no evento, que viram na aproximação com a Malásia e outros países do Sudeste Asiático uma oportunidade para ampliar o comércio, atrair investimentos e diversificar os mercados para produtos brasileiros.