
Com o mandato suspenso por seis meses, o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) acusou, nesta terça-feira (16), o ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) de chefiar desvios ligados ao orçamento secreto. A declaração foi feita após a operação da Polícia Federal que teve como alvo Mariângela Fialek, ex-assessora de Lira e apontada por investigadores como operadora do esquema de emendas parlamentares.
Segundo Glauber, não houve coincidência entre o depoimento que prestou à Polícia Federal em fevereiro e a abertura do processo no Conselho de Ética no mês seguinte. “Arthur Lira é o pai do orçamento secreto”, afirmou o parlamentar em entrevista ao Metrópoles.
Glauber também disse que a investigação contra a ex-assessora do deputado alagoano é resultado de um acúmulo de apurações ao longo do tempo, e não de um episódio isolado.
“O que ocorreu agora não foi algo pontual. Essa operação vem se acumulando. Em algum momento isso aconteceria. Ela não foi baseada apenas nos depoimentos. A senhora (Mariângela), braço direito de Arthur Lira, vinha sendo monitorada judicialmente, o que levou, inclusive, a outras informações. É um somatório que levou à operação”, declarou.
O deputado afirmou esperar que o avanço das investigações leve à responsabilização do que classificou como o principal mentor do esquema. “A minha expectativa é que o desenrolar dessa história responsabilize o chefe, o orientador, o mentor, o articulador da senhora que foi alvo da operação. Todo mundo sabe que é o Arthur Lira”, disse.
Alvo da PF
A Polícia Federal cumpriu, na última sexta-feira, dois mandados de busca e apreensão em Brasília, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Um dos alvos foi Mariângela Fialek, ex-assessora de Arthur Lira e ex-conselheira fiscal da Codevasf, órgão que recebeu grandes volumes de recursos via emendas parlamentares.
Segundo investigadores, Fialek é considerada a principal operadora de emendas na Câmara. A defesa da ex-assessora afirmou que ela “não cometeu nenhuma irregularidade funcional ou criminal” e sustentou que sua atuação foi “estritamente técnica, apartidária e impessoal”, acrescentando que o objetivo da medida era acessar informações relacionadas às indicações de verbas feitas por deputados.
