
Depois de mais de um ano de embates, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, voltaram a se alinhar politicamente. O movimento, que vinha pedindo a saída do petista, decidiu encerrar as críticas públicas e reaproximar-se do governo.
Segundo a coluna de Guilherme Amado no PlatôBR, o gesto simbólico foi o convite a Teixeira para a celebração dos 40 anos do MST, que será realizada no próximo fim de semana no assentamento 16 de Março, em Pontão (RS).
A relação vinha se desgastando desde 2023, quando lideranças do movimento acusavam o ministro de lentidão e falta de recursos para a reforma agrária. O clima mudou após uma série de medidas anunciadas pelo ministro, que ampliaram o orçamento do setor e retomaram programas suspensos em governos anteriores.
Um dos pontos de virada foi a correção de dados divergentes entre o governo e o levantamento do DataLuta, da Unesp, sobre o número de famílias assentadas, o que reduziu a desconfiança do MST em relação à pasta.
Em setembro, Paulo Teixeira esteve em Pernambuco (reduto de um dos principais críticos do ministério, Jaime Amorim) e anunciou a ampliação dos investimentos na reforma agrária, a retomada da parceria com o Banco do Brasil no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e o lançamento do curso de Medicina do Pronera (Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária).

Teixeira vinha adotando um discurso conciliador, reconhecendo a importância da pressão dos movimentos sociais. “Eu quero dizer para vocês: movimento que não faz pressão é pelego. A função do movimento é lutar pelos direitos de todos que lutam por reforma agrária”, afirmou durante um evento em maio.
Na ocasião, o ministro frisou ainda que nunca encarou as críticas de forma pessoal: “A crítica e a pressão são necessárias em um Estado que sempre fez para o grande e sempre abandonou o pequeno”.
O ministro afirmou que o governo Lula está com o “pé no acelerador” da reforma agrária e já cumpriu metade das metas previstas para o ano. Segundo ele, a prioridade é garantir condições reais de vida no campo. “Nós não queremos uma morte no campo. Nós queremos famílias assentadas com terra, crédito, assistência técnica, compras públicas e apoio às cooperativas”, disse Teixeira.