
O presidente Lula (PT) retorna nesta quinta-feira (25) dos Estados Unidos e terá de decidir mudanças em sua equipe ministerial, em meio à pressão do Centrão e à entrada prevista de Guilherme Boulos (PSOL-SP) no governo, conforme informações da Folha de S.Paulo.
União Brasil e PP anunciaram que seus filiados com mandatos devem deixar o governo sob risco de expulsão. A decisão pressiona Lula a redesenhar o time de auxiliares, já que as duas siglas formalizaram federação e passaram a integrar a oposição, com foco em apoiar Tarcísio de Freitas (Republicanos) em 2026.
Apesar disso, Lula tem repetido que não demitirá ministros ligados a partidos que se aproximam da direita, levando em conta não só o apoio no Congresso, mas também a formação de palanques regionais para as eleições.
Entre os nomes em disputa estão Celso Sabino (Turismo), André Fufuca (Esportes) e Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), todos deputados licenciados que devem disputar o Senado em 2026.
Celso Sabino prepara saída
O ministro do Turismo deve entregar o cargo até sexta-feira (26), após decisão unânime da direção do União Brasil de antecipar o desembarque. A medida foi tomada depois de reportagem que citou o presidente da sigla, Antonio Rueda, em denúncias sobre aviões ligados ao PCC — acusação negada por ele.
Sabino tentou ganhar prazo para permanecer no ministério até a COP-30, em novembro, mas não conseguiu. Aliados ainda tentaram convencer Rueda a permitir que ele se licenciasse do partido para seguir na pasta, mas a hipótese é considerada improvável.
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Fufuca negocia permanência
No PP, André Fufuca tenta costurar acordo para permanecer no Ministério do Esporte até o fim do ano. Uma ala do partido defende que não há razão para sua saída imediata em meio a entregas previstas pela pasta.
Segundo aliados, haverá pressão sobre o presidente da legenda, Ciro Nogueira, para aceitar a permanência de Fufuca, considerado próximo a ele.
Boulos deve assumir Secretaria-Geral
Enquanto negocia com o Centrão, Lula também deve reforçar laços com a esquerda. O presidente avisou aliados que Guilherme Boulos será nomeado ministro da Secretaria-Geral da Presidência, no lugar de Márcio Macêdo (PT).
A mudança tem como objetivo ampliar o diálogo com movimentos sociais e fortalecer a presença digital do governo diante da ofensiva bolsonarista. Auxiliares avaliam que a entrada de Boulos deve reanimar a base social e recuperar o engajamento da juventude, nos moldes da mobilização vista em 2022.
Um dos principais motivos para a indicação seria a série de manifestações que Boulos vem organizando na Avenida Paulista, especialmente o último ato realizado no domingo (21) contra a chamada PEC da Blindagem.
Desde maio, o psolista tenta assumir o comando da pasta. O parlamentar chegou a sinalizar ao presidente Lula que está disposto a abrir mão de disputar as eleições de 2026 para se tornar ministro do governo.