“Após vitória no STF, Lula aparece como único capaz de derrotar Bolsonaro em 2022”, diz imprensa europeia

Atualizado em 8 de março de 2021 às 19:24

A reação da imprensa na Europa parece unânime à anulação das condenações de Lula na Operação Lava-Jato pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin.

Em segundo artigo mais lido da noite desta segunda-feira, o jornal Le Monde diz que a noticia é uma “bomba” e destaca que a decisão “torna o ex-presidente potencialmente elegível para afrontar Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais de 2022”.

“Esse julgamento, que será avaliado pelo conjunto da Corte suprema, restabelece os direitos políticos de Lula, o que pode incita-lo a se lançar às eleições presidenciais de 2022, das quais o presidente de direita Jair Bolsonaro deve participar”, afirma.

“Lula foi condenado em 2018 num processo controverso por corrupção pela Operação Lava Jato. Quando preso, o ex-chefe de Estado era favorito nas pesquisas para as eleições de outubro de 2018”, observa o periódico.

“Dois anos e meio mais tarde, em uma pesquisa recente, Lula aparece como o único capaz de derrotar o presidente Jair Bolsonaro, nas próximas eleições, em 2022: 50% das pessoas entrevistadas se dizem propensas a votar nele, contra 44% no presidente atual”.

“As condenações de Lula em Curitiba já haviam sido desacreditadas nesses últimos meses; a imparcialidade de juízes e procuradores foi questionada por conversas reveladas pelo site The Intercept Brasil.”

Para Le Monde, decisão é uma “bomba”, transformando Lula em potencial candidato para afrontar Bolsonaro nas eleições do ano que vem

Em Portugal, o Diário de Noticias diz em sua manchete: “Condenações de Lula na Lava-Jato anuladas. Pode concorrer à presidência”.

“Fachin, juiz do STF cujas decisões costumam ser simpáticas à Lava Jato e a Moro, declarou a Justiça Federal do Paraná incompetente para julgar nos casos do Tríplex do Guarujá, do Sítio de Atibaia e do Instituto Lula”, observa o cotidiano português.

“O caso é paralelo ao pedido da defesa do antigo presidente brasileiro que considerava Moro, que se tornaria mais tarde ministro da segurança e da justiça do governo de Jair Bolsonaro, parcial para o julgar, tendo em conta a reportagem de alguns órgãos de comunicação social brasileira a divulgar trocas de mensagens comprometedoras entre Moro e procuradores do caso”, diz João Almeida Moreira, correspondente no Brasil.

“Sondagens recentes dão Lula com mais potencial de subida eleitoral do que o atual inquilino do Planalto”.

Jornal português destaca possibilidade de candidatura de Lula à presidência

Na Espanha, o El País afirma que “a decisão de Fachin sacode o tabuleiro político brasileiro num momento em que a pandemia está totalmente fora de controle, com hospitais lotados com doentes do coronavirus em vários estados e o resto do pais no limite. As críticas contra Bolsonaro, por sua nefasta gestão da epidemia e sua incapacidade de garantir a quantidade necessária se vacinas se acumulam”.

“A decisão é uma vitoria para Lula, que apresentou um habeas corpus perante o Supremo há mais de dois anos, enquanto Moro anunciou que aceitava o convite do ultradireitista Bolsonaro para ser ministro da Justiça”, avalia a correspondente Naiara Galarraga.

“Lula sempre insistiu em que Moro não foi imparcial, como reiterou há três dias em entrevista a este jornal”, diz o El País.

No Twitter, Tom Phillips, correspondente no Brasil do jornal britânico The Guardian ironizou: “Para certos comitês editoriais de jornal, ex-presidentes e gurus, ainda seria ‘uma escolha muito difícil’ em 2022?”