
A avaliação do governo Lula (PT) apresentou uma melhora, segundo levantamento Genial/Quaest divulgado nesta quarta-feira (16). A taxa de aprovação subiu de 40% para 43%, e a desaprovação caiu de 57% para 53%, em comparação com a rodada anterior da pesquisa, feita em 4 de junho.
Essa é a primeira reação positiva em pesquisas Genial/Quaest após um ciclo negativo iniciado em julho de 2024, corroborando a recuperação pesquisa Atlas Intel divulgada na última terça-feira (15). O estudo ouviu 2.004 pessoas presencialmente entre os dias 10 e 14 de julho, com margem de erro de dois pontos percentuais e nível de confiança de 95%.
Os dados mostram que a diferença entre aprovação e desaprovação caiu de 17 para 10 pontos. Essa oscilação ocorre em meio à repercussão do “tarifaço” imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra produtos brasileiros, e da campanha por justiça tributária, com foco na taxação dos super-ricos, encampada pelo governo.
A leitura é que esses dois temas, amplamente debatidos, favoreceram Lula especialmente entre eleitores de classe média, mulheres, pessoas de meia-idade e com inclinação política de centro.

“A recuperação do governo aconteceu na classe média, com maior escolaridade, no Sudeste. São os segmentos mais informados da população, que se percebem mais prejudicados pelas tarifas de Trump, e que consideram que Lula está agindo de forma correta até aqui, por isso passam a apoiar o governo”, avaliou o cientista político Felipe Nunes, diretor da Quaest.
A melhora, no entanto, ainda não alcança os eleitores de menor renda. Entre os que recebem até dois salários mínimos, os números praticamente não se alteraram.
Já entre quem ganha entre dois e cinco salários, houve avanço, faixa que seria beneficiada pela proposta de isenção do Imposto de Renda. O percentual de entrevistados que consideram o governo ruim ou péssimo caiu de 43% para 40%. Já os que avaliam positivamente subiram de 26% para 28%, mesmo índice dos que veem a gestão como regular.
A adesão de fora da base tradicional do PT também se conecta à pauta tributária. “A campanha da taxação dos super-ricos teve incidência, principalmente em outros segmentos que não as elites. Entre os não beneficiários do Bolsa Família, caiu muito mais a desaprovação. Ou seja, existe uma expansão para fora da bolha”, observou a cientista política Mayra Goulart, professora da UFRJ.
Segundo o levantamento, 66% dos entrevistados apoiam que os mais ricos paguem mais impostos para aliviar a carga sobre os mais pobres. Esse apoio, contudo, cai para 60% quando se menciona o aumento da alíquota do Imposto de Renda para os chamados “super-ricos”, termo usado no questionário.
A narrativa de “ricos contra pobres”, adotada por setores do governo, tem apoio minoritário: 53% disseram não concordar com ela. Em relação ao conflito com os Estados Unidos, 44% acreditam que Lula está “mais certo” que Trump, contra 29% que atribuem razão ao bolsonarismo.
A avaliação favorável ao presidente se estende até mesmo entre os eleitores que se dizem sem preferência política definida. Por outro lado, 78% dos brasileiros afirmam que o tarifaço terá impacto negativo em suas vidas, e 84% defendem que governo e oposição atuem juntos para enfrentar a medida.
A pesquisa anterior havia sido feita logo após o anúncio e recuo parcial do aumento do IOF pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em meio a críticas e pressões do Congresso. Desde então, o governo editou novas medidas, sofreu derrotas no Legislativo e judicializou o tema no STF. Ainda assim, conseguiu marcar posição nas redes sociais com a campanha sobre justiça tributária e nacionalismo econômico.
A estratégia teve eco durante o anúncio da sobretaxa estadunidense, reforçando a imagem de Lula como defensor da soberania nacional. O Palácio do Planalto avalia que esse movimento ajudou a conter os danos do escândalo envolvendo fraudes no INSS, que havia abalado a imagem do governo.