
A nova pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira (20) mostra que o governo Lula (PT) alcançou sua melhor avaliação desde o início de 2025. Felipe Nunes, diretor da Quaest, divulgou os números e fez uma análise em seu perfil no X. Confira:
Pesquisa Genial/Quaest mostra que o governo Lula tem seu melhor desempenho desde o começo de 2025: a desaprovação foi de 53% para 51% e a aprovação de 43% para 46% (a diferença era de 10 pts em jul/25 e foi para 5 pts em ago/25).
Se de março para julho Lula ganhou popularidade no Sudeste, neste último mês o governo recuperou popularidade no Nordeste: a aprovação foi de 53% para 60% (+7) e a desaprovação de 44% para 37% (-7).
É possível detectar recuperação de popularidade em dois estados do Nordeste: Bahia (de 47% para 60%) e Pernambuco (de 49% para 62%). Em GO, SP, PR, RS e RJ, a desaprovação do governo continua acima de 60%, mas apresenta uma tendência de melhora. Em MG, o estado pêndulo do país, a desaprovação é de 59%.
Se de março para julho Lula melhorou sua popularidade na renda média, neste último mês o governo recuperou popularidade na renda baixa: a aprovação foi de 46% para 55% (+9) e a desaprovação de 49% para 40% (-9) nesse estrato.
O que pode explicar essa melhora na popularidade do governo, especialmente no Nordeste e na população de renda baixa? É o supermercado, estúpido! Depois de mais de um ano e meio, a parcela de brasileiros que percebe alta no preço dos alimentos caiu para perto de 60%. Esse alívio no bolso impulsionou a popularidade do governo, sobretudo entre os mais pobres.
A sensação de melhora nos preços dos alimentos vem sendo sentida em todas as regiões do país desde o começo do ano. Mas agora, sem as crises do PIX e do INSS, produzem efeitos mais acentuados e percebidos na popularidade do governo.
Não por acaso, é a primeira vez desde outubro de 2023 que diminui o número de brasileiros que acreditam ter hoje um poder de compra menor do que há um ano (saiu de 80% para 70% quem achava que o poder de compra tinha diminuído no último ano).
Outro fator decisivo para a melhora na aprovação do governo foi a postura de Lula diante do tarifaço imposto por Trump ao Brasil. Para 48% dos brasileiros, Lula e o PT estão se saindo melhor nesse embate contra os EUA, enquanto apenas 28% defendem Bolsonaro e seus aliados.
Na avaliação dos brasileiros, Lula é quem está se saindo melhor diante do tarifaço de Trump (-2); em seguida estão Tarcísio (-11), Ratinho Jr (-11) e Haddad (-12). Os piores desempenhos ficaram com Jair Bolsonaro (-31) e seu filho, Eduardo (-31).
Parece cada vez mais evidente que o clã Bolsonaro sai desgastado desse episódio: 69% dos brasileiros acreditam que Eduardo defende apenas os interesses da própria família nos EUA, enquanto só 23% veem nele a defesa dos interesses do Brasil.
Vale ressaltar que no último mês aumentou (de 66% para 84%) o percentual de brasileiros que tomou conhecimento sobre a carta que Trump enviou ao presidente Lula informando sobre a tarifação de 50% aos produtos brasileiros.
E ainda assim continuou muito alto (71%) o percentual que acredita que Trump está errado em impor taxas ao Brasil por acreditar que há uma perseguição a Bolsonaro.
O que se consolidou foi a percepção de que Trump anunciou essas altas tarifas por motivações políticas (51%), não por motivações econômicas (23%) ou pessoais (2%).
Também se consolidou neste último mês a percepção de que as tarifas vão prejudicar a vida dos brasileiros (77%). Num cenário tão polarizado, chama atenção o fato de que todos os segmentos da sociedade (do lulista ao bolsonarista) concordam com essa avaliação.
Há também consenso sobre como os brasileiros querem que o governo reaja ao tarifaço: de julho para agosto, subiu de 61% para 67% a parcela que defende uma solução negociada, enquanto apenas 26% preferem sobretaxar os produtos americanos.
O consenso desaparece quando o assunto é a solução para o tarifaço: 48% acreditam que Lula vai conseguir negociar um acordo para reduzir as tarifas vigentes, enquanto 45% não estão otimistas. Lembrando que poucos setores continuam com taxação acima de 50% (café, carne e frutas).
Lula está agindo em defesa do Brasil para 49% dos brasileiros, enquanto 41% defendem que ele está se aproveitando da situação para se promover politicamente. É uma divisão de opinião que remete à polarização da eleição passada.
A disputa tarifária entre Brasil e EUA fez florescer algo inédito em uma parcela da população: o medo de que o país entre em guerra chegou a 5% em agosto. A violência continua sendo a principal preocupação dos brasileiros (26%), seguida dos problemas sociais (19%).
A Quaest ouviu 2.004 pessoas no Brasil entre os dias 13 e 17/08. Em SP ouviu mais 1.644 pessoas, em MG mais 1.482, no Rio mais 1.404, na Bahia mais 1.200, e em Goiás, Paraná, Rio Grande do Sul e Pernambuco foram mais 1.104 entrevistas cada. A margem de erro para a amostra nacional é de 2 pp. A pesquisa foi encomendada pela Genial Investimentos.