Arábia Saudita deu joias a Bolsonaro em reunião sobre ativos da Petrobras, mostra telegrama

Atualizado em 14 de abril de 2023 às 10:37
Joias recebidas da ditadura da Arábia Saudita e Bolsonaro – Foto: Reprodução

A reunião na Arábia Saudita em que o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro recebeu presentes, incluindo o conjunto de joias avaliado em R$ 16,5 milhões, discutiu a venda de ativos da Petrobras e um possível convite para o Brasil integrar uma “versão estendida” da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).

As informações constam em um telegrama enviado pela embaixada brasileira em Riade, capital da Arábia Saudita, para o Itamaraty. O documento foi obtido pelo G1 por meio da Lei de Acesso à Informação, entretanto, não faz qualquer menção à entrega de presentes à comitiva brasileira.

A mensagem é de 15 de novembro de 2021. Ela foi assinada pelo embaixador Marcelo Della Nina 3 semanas após a reunião entre o ex-ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e o príncipe Abdulaziz bin Salman bin Abdulaziz Al Saud.

Della Nina narra a reunião e destaca que o chefe da Assessoria Especial de Relações Internacionais do Ministério das Minas e Energia (MME), Christian Vargas, “indagou à parte saudita a respeito da compatibilização entre o setor de petróleo dos países da OPEP+ e o do Brasil, onde as companhias petroleiras são de capital aberto.”

O telegrama, no entanto, mostra que Vargas seguiu afirmando que “a Petrobras passa, no momento, por processo de desverticalização e de alienação de seus ativos ‘downstream’, como parte de reformas do setor de energia que apontam para a crescente liberalização do mercado, no qual os entes estatais encontram limitações legais para intervir.”

Trecho de telegrama que fala sobre venda de ativos da Petrobras e possível participação na OPEP+. — Foto: Reprodução

Vale destacar que o tema foi abordado durante a discussão sobre um possível convite ao Brasil para integrar a Opep+. Segundo o telegrama, em pelo menos dois momentos, o ex-ministro destacou parcerias entre o Brasil e a Arábia Saudita nos temas.

O documento aponta que Albuquerque “manifestou-se favoravelmente ao adensamento da cooperação bilateral e assinalou a convergência de visão dos dois países no que se refere ao pleno aproveitamento de todas as fontes de energia, inclusive petróleo e gás natural.”

Ele voltou a destacar a parceria entre os dois países ao fim da reunião. Bento “reiterou que o Brasil idenitfica a Arábia Saudita como parceiro privilegiado no setor de energia e solicitou à parte saudita comunicação oficial a respeito do convite ao ingresso do Brasil na OPEP+, comprometendo-se a submeter o assunto à consideração do senhor Presidente da República e demais órgãos de governo implicados.”

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