Aras está num sinuca de bico com o caso Zambelli. Por Milton Blay

Atualizado em 1 de novembro de 2022 às 8:35
Deputada federal Carla Zambelli (PL). Foto: Reprodução

Por Milton Blay

O pseudo procurador-geral da República tem apenas algumas horas para tomar uma das decisões mais difíceis de seu mandato: dizer se abre ou não inquérito para apurar a agressão praticada por Carla Zambelli contra um homem preto que, segunda ela, a teria xingado.

A atitude criminosa da deputada federal bolsonarista e de seu segurança, colocando em risco inclusive a vida das pessoas que se encontravam na região das ruas Lorena com Eugênio de Lima, no bairro paulistano dos Jardins, foi filmada e o vídeo repassado milhões de vezes nas redes sociais e na imprensa. Todos, os que quiseram e os que não quiseram, assistiram as cenas inacreditáveis de Carla Zambelli empunhando uma arma e perseguindo seu ofensor em plena rua, depois de ter atirado para o alto, enquanto seu segurança também atirava até chegar à altura do homem preto e agredi-lo com socos e pontapés. Como se não bastasse, no final do incidente, a deputada entrou num bar, deu ordem para o homem deitar no chão e mandou as pessoas que ali se encontravam enchê-lo de porrada. Ao que o homem preto reagiu de forma ostensiva e violenta, fazendo o L, de Lula, enquanto apanhava.

Fim? Não, a bolsonarista inventou uma história, que os vídeos desmentem, e registrou queixa na polícia, muito embora tivesse agido em total ilegalidade, na véspera da eleição. Mostrou assim que a agressividade, o desprezo à lei, o uso da mentira como única defesa, e a desfaçatez dessa gente não têm limite.

Hoje, Augusto Aras, o mais fiel escudeiro de Jair Bolsonaro, responsável pela impunidade de dezenas de crimes cometidos pelo seu chefe, tem até esta terça-feira para se manifestar, após ter sido intimado pelo ministro Gilmar Mendes, do STF. Até aqui, o poste prevaricou impunemente. Terá de fazer uma mágica para defender Zambelli.
Aras sempre saiu da sinuca apelando para a figura da investigação preliminar, chamada juridicamente “notícia de fato”, ou seja passando os casos para os seus subordinados sob a alegação de que era preciso esclarecer certos pontos obscuros. Desta maneira, o PGR acabou enterrando os inquéritos reclamados pela CPI da Covid, bem como no crime cometido por Bolsonaro ao ameaçar as eleições em uma reunião de embaixadores especialmente convocados no Planalto.

Só que, agora, a situação é nova: Lula ganhou a eleição e NINGUÉM pode alegar que Zambelli não feriu a lei ao passear armada na véspera, tanto assim que sua arma foi cassada. Além disso, Aras viu derreter o seu sonho de vir a ser ministro do STF.

Qual será então a atitude do Ministério Público? dizer que não viu o que todo mundo viu porque estava hibernando? pedir novamente a abertura de uma notícia de fato para que tudo dê em pizza ou chegar à conclusão que a deputada bolsonarista agiu em legítima defesa? Aposto que sim, mas ao agir desse modo irá enterrar definitivamente sua carreira e terá de se alegrar quando alguém o chamá-lo de poste, pois os adjetivos serão muito piores.

Antonio Augusto Brandão de Aras entrará para a História como um capanga ou cúmplice de um presidente fascista e criminoso.

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