Araújo não é um leão, é um ratinho. Por Fernando Brito

Atualizado em 18 de maio de 2021 às 14:08
O CHANCELER DO GOVERNO BOLSONARO, ERNESTO ARAÚJO (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Originalmente publicado em TIJOLAÇO

À parte a falta de objetividade e concatenação lógica do que até agora falou à CPI, o ex-Ministro da Relações Exteriores, Ernesto Araújo mostrou que é uma pessoa covarde e incapaz.

Numa linguagem pobre e enrolada, não oferecia respostas claras – várias, aliás, absolutamente vagas ou incompreensíveis – só fez revelar que se houve alguma “ação” do governo brasileiro no mundo diante da crise pandêmica foi, paradoxalmente, a inação.

Não houve, segundo sua narrativa, nada além de uma orientação genérica aos embaixadores para “acompanhassem” o surgimento de descobertas médicas em relação ao Covid. Nada, portanto, que fosse além do que, portanto, pudesse ser lido nas publicações científicas e na imprensa mundial e até na brasileira.

Ele, pobrezinho, não fez ataques à China, não falava dela ao escrever “comunavírus”, não brigou com o embaixador.

As gestões junto à Índia para obter toneladas de cloroquina foram, vejam só, para garantir a medicação dos portadores de malária, lúpus, artrite reumatóide… A doação de dois milhões de doses desta droga feita pelo governo Donald Trump veio do nada, uma espécie de “passa lá e pega” que nada teve a ver com a articulação entre o negacionismo tupiniquim e o da Casa Branca.

A decisão de comprar dentro do Covax Facility-OMS apenas 10% – quando poderiam ser 50%, o suficiente para imunizar 110 milhões de brasileiros – do que seria a cota brasileira, também não teve nada a ver com ele, foi uma decisão exclusiva do governo norte-americano.

Admiti, ontem, que Ernesto Araújo, livre de responsabilidades governamentais, poderia pretender ser um leão ideológico, mas estava redondamente equivocado.

Araújo é um pequeno rato, que se esconde-se no canto das respostas evasivas, que nega o que apresentava como convicções profundas e deixa a suspeita que, no Itamaraty, foi apenas o despachante de políticas formulada por outro gabinete externo ao governo, o do olavismo, destruindo a histórica capacidade diplomática brasileira.

Desenterrado de sua insignificância pela convocação pela CPI, Ernesto Araújo volta, daqui a pouco, à irrelevância que tem e a que reduziu nosso país no mundo.

Só aparecerá, e logo, quando tiver de admitir, com a sua pusilanimidade, que a política internacional do Brasil foi, na prática, conduzida por Eduardo Bolsonaro, Felipe Martins e outros “embaixadores” do olavismo junto ao Palácio do Planalto.

O depoimento continua e às 15 horas, no programa Bom Para Todos, na TVT, ao vivo, comento o que ocorreu e o que se espera para amanhã, com o depoimento de Eduardo Pazuello.