Arco-íris, unicórnios e Che: cartilha homofóbica alucinada pode custar R$ 500 mil a colégio de MG

Atualizado em 13 de maio de 2022 às 11:03

 

Colégio Recanto do Espírito Santo, em Itaúna

Uma cartilha produzida pelo Colégio Recanto do Espírito Santo, sediado no município mineiro de Itaúna, pode custar 500 mil reais aos cofres da instituição caso o Poder Judiciário acate o pedido do Ministério Público do estado.

A “Coordenadoria de Combate ao Racismo e a Todas as Outras Formas de Discriminação”, órgão do MP mineiro, ingressou com ação civil pública com pedido de indenização por danos morais coletivos por entender que o colégio patrocinou “patente discurso de ódio de cunho homotransfóbico” ao desaconselhar os pais de seus alunos a não comprarem para seus filhos materiais que apresentassem ilustrações de arco-íris e unicórnios.

O Recanto do Espírito Santo tem orientação católica erigida sob os princípios do sistema preventivo de Dom Bosco, que  “consiste em tornar conhecidas as regras de uma instituição, e ficar sempre por perto de modo que os alunos estejam sob os olhares atentos e amorosos do diretor e ou professor”.

Dom Bosco (São João Bosco, 1815-1888) é fundador da Congregação Salesiana, ultraconservadora. Os salesianos dirigem mais de cem instituições de ensino fundamental e médio no Brasil, com aproximadamente 90 mil alunos e 4 mil educadores.

É co-padroeiro de Brasília. Alguns xaropes acreditam que Bolsonaro é a realização do sonho-visão que Dom Bosco teve em 1883.

De acordo com o comunicado, o arco-íris, “símbolo da aliança de Deus com seu povo”, teria sido “raptado pela militância LGBT, que o utiliza em suas bandeiras” e os unicórnios são utilizados para identificar pessoas de “gênero não binário”, sendo um símbolo “contrário à lei natural, contrários aos planos de Deus”.

No mesmo documento direcionado às famílias não poderia faltar uma menção a cadernos e camisetas com “foice e martelo e com o rosto de Che Guevara (grande assassino e revolucionário comunista” como exemplo de material indesejado.

O comunicado do colégio

No entendimento do MP, “o teor do Comunicado representa, além de patente ofensa à dignidade das pessoas LGBTQIA+, um franco desserviço social, sobretudo em um contexto educacional, pois no lugar de estimular a pluralidade, a diversidade, o respeito e promover uma cultura de paz13, referido discurso estimula a segregação e fomenta ideias estereotipadas e discriminatórias contra esse grupo social”.

A medida judicial foi tomada pela promotoria mineira após a provocação de um cidadão que denunciou a escola ao órgão, de uma petição da Aliança Nacional LGBTI+ e de uma solicitação formalizada pela deputada federal Áurea Carolina (PSOL/MG).

O colégio ainda não foi citado formalmente para apresentar sua defesa no processo.