Argentina classifica PCC e Comando Vermelho como grupos terroristas

Atualizado em 29 de outubro de 2025 às 17:02
Megaoperação no Rio de Janeiro. Foto: Divulgação

O governo da Argentina incluiu o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC) em seu Registro de Pessoas e Entidades Vinculadas a Atos de Terrorismo (Repet).

O anúncio foi feito pela ministra da Segurança, Patricia Bullrich, durante entrevista ao canal La Nación+ nesta terça-feira (29), um dia após a megaoperação no Rio de Janeiro que deixou mais de 100 mortos. “A Argentina declarou essas duas organizações como narcoterroristas”, afirmou ela. Segundo a ministra, a decisão foi motivada pelo histórico de tráfico de drogas, armas e lavagem de dinheiro associados às facções.

A medida faz com que o país passe a tratar os grupos brasileiros sob o mesmo enquadramento legal aplicado a organizações terroristas internacionais. Bullrich informou ainda que há atualmente 39 cidadãos brasileiros presos em território argentino, sendo cinco ligados ao Comando Vermelho e cerca de oito ao PCC.

Ela garantiu que os detentos estão “muito isolados uns dos outros” para evitar articulações e rebeliões dentro das penitenciárias. Segundo a ministra, o governo mantém um controle “muito estrito” sobre os presos, identificando-os por tatuagens e rituais de iniciação típicos das facções.

Fontes do Ministério da Segurança informaram à CNN que o processo de inclusão das duas organizações foi concluído há cerca de um mês. No entanto, a atualização ainda não aparece no site oficial do Ministério das Relações Exteriores devido a mudanças administrativas que atrasaram a publicação.

As autoridades argentinas afirmaram que a operação policial no Rio de Janeiro não gerou preocupações imediatas sobre possíveis fugas ou migrações de criminosos para o país. “Essas facções não têm força nem estrutura na Argentina”, informaram as fontes.

Mesmo assim, o governo diz estar atento a qualquer tentativa de expansão transnacional dos grupos. O ministro da Defesa da Argentina reforçou a necessidade de ampliar o controle nas fronteiras, especialmente com o Brasil, para impedir a entrada de integrantes de facções.

“Temos que defender os argentinos com todo o poder do Estado, não apenas com a Gendarmeria, mas também com o Exército na fronteira”, declarou.

Nos últimos meses, o país tem adotado medidas mais rígidas de vigilância. No primeiro semestre, o governo enviou tropas militares para reforçar as fronteiras com a Bolívia e o Paraguai, regiões conhecidas por rotas de tráfico.

Segundo o Ministério da Defesa, está prevista também a atuação das Forças Armadas na divisa com o Brasil para conter o avanço de grupos criminosos.

Guilherme Arandas
Guilherme Arandas, 27 anos, atua como redator no DCM desde 2023. É bacharel em Jornalismo e está cursando pós-graduação em Jornalismo Contemporâneo e Digital. Grande entusiasta de cultura pop, tem uma gata chamada Lilly e frequentemente está estressado pelo Corinthians.